Por Adriana Mattos
A gestora americana Carlyle fechou acordo de compra de 23,3% da rede de restaurantes Madero por cerca de R$ 700 milhões. O contrato foi assinado no fim da noite de quinta-feira, depois de um período de negociações mais intensas para acertar pontos sobre governança e avaliação final da rede.
As negociações entre as partes foram antecipadas pelo Valor no início de novembro. A cadeia foi fundada em 2005 por Luiz Durski Junior, dono de mais de 90% das ações, e opera 140 restaurantes sob três marcas principais: Madero Steakhouse, Madero Container e Jeronimo.
No fim de 2018, as partes entraram num acordo sobre condições do negócio, mas a avaliação dos números terminou neste ano. O preço poderia sofrer ajustes por conta das projeções de desempenho da empresa em 2019 e isso teria efeito sobre o valor final da operação. Cerca de R$ 600 milhões devem ser recursos direcionados para a Madero, que irá usar maior parte do montante para pagar dívida, e o restante deve ir para os sócios. Com menor alavancagem, a expectativa é uma aceleração do crescimento orgânico nos próximos anos.
Ao fim do processo, a Madero foi avaliada em R$ 3 bilhões — inicialmente os sócios da rede consideravam patamar maior, por volta de R$ 4 bilhões. Surgiram informações no mercado de que a empresa teria um passivo fiscal a negociar e poderia ter que acertar esses pagamentos, e isso teria prolongado as negociações. A Madero afirma que a rede contrata auditorias reconhecidas no setor há anos e diz que os débitos relativos a impostos são baixos.
A gestora HSI tem debêntures da empresa (numa emissão inicial de R$ 380 milhões, com valor final a ajustado por juros), que devem ser quitadas antecipadamente.
Segundo dados do balanço de 2017 obtidos pelo Valor, a receita atingiu quase R$ 520 milhões naquele ano e planilha de projeções do início de 2018 dava conta de pouco mais de R$ 800 milhões para o período — em 2017, a rede cresceu pouco mais de 60%.
Os recursos para essa operação virão do Carlyle Partners VII, um fundo de US$ 18,5 bilhões que realiza investimentos estratégicos majoritários e minoritários em cinco indústrias, diz nota da gestora americana.
O Carlyle já investiu cerca de US$ 2,5 bilhões em empresas no Brasil nos últimos dez anos. A operação ainda está sujeita à aprovação do Cade, o conselho de defesa da concorrência.
Dentro de alguns anos, o Carlyle deve sair do Madero por meio de uma oferta pública inicial de ações da rede.
O assessor financeiro da operação foi o Santander. Os escritórios Pinheiro Neto e Debevoise & Plimpton atuaram como assessores jurídicos do Carlyle, e o Santander prestou assessoria financeira. O Grupo Madero foi assessorado pelo Machado meyer Advogados.
Valor Econômico
https://www.valor.com.br/empresas/6086129/carlyle-compra-23-da-rede-de-restaurantes-madero-por-r-700-milhoes
(Notícia na Íntegra)