Por Mitchel Diniz
Captações milionárias movimentam indústria de distressed asset
A caça aos chamados ativos estressados está mais acirrada do que nunca. A instabilidade política e a recuperação ainda incipiente de indicadores macroeconômicos animam gestoras de recursos e consultorias especializadas em reestruturação financeira a explorar esse desafiador — mas alvissareiro — mercado. Algumas miram empresas em apuros financeiros; outras, carteiras de créditos inadimplentes. Mas antes de sair à espreita, é preciso garantir munição. Não à toa, captações milionárias destinadas a fundos de investimento em ativos problemáticos estão em andamento. Boa parte delas é encabeçada por assets e consultorias novas nesse mercado. Um exemplo é a Starboard Asset, braço de gestão de recursos da Starboard Restructuring Partners, consultoria que iniciou suas atividades no começo de 2017 e tem como sócios Fábio Vassel e Warley Pimentel. Ex-executivos da área de reestruturações do Brasil Plural, eles montaram, em 2014, o primeiro fundo de investimento em distressed assets do banco, que captou 125 milhões de reais. O dinheiro poderia ser alocado em até três anos, mas levou apenas um para que o total de recursos fosse direcionado a quatro empresas: Inepar, Mineração Caraíba, Camisaria Colombo e Ecovix. A gestão desse fundo, agora em fase de desinvestimento, continua nas mãos de Pimentel. Vassel, por sua vez, está concentrado na captação para um novo fundo, de 200 milhões de dólares, que busca aportes de investidores institucionais, familly offices com experiência em investimentos estressados e investidores pessoa física superqualificados, tanto brasileiros quanto estrangeiros. “Quem alocou capital em ativos estressados em 2015 não sabia qual seria a severidade da crise. Agora há mais clareza sobre o que esperar”, observa Vassel. Esses dois anos, acrescenta Pimentel, também permitiram ao mercado testar mais profundamente os mecanismos de restruturação de empresas e a Lei de Recuperação Judicial. “Ao mesmo tempo em que a indústria de distressed asset amadurece, a crise cria oportunidades, o que torna o momento ideal para alocação de recursos nesse nicho”, ressalta. Segundo Vassel, o novo fundo aportará recursos em empresas em dificuldades financeiras, mas com bons fundamentos, que precisem de estabilidade — e não de crescimento acelerado — para voltar a prosperar. O objetivo, afirma, é alocar os recursos em cinco a oito ativos, e que já tenham usado os serviços do braço de consultoria da Starboard. “A nossa criação de valor está na entrada, quando adequamos a estrutura de capital da empresa por meio da restruturação financeira. A atividade de advisory tem uma capacidade de diagnóstico muito mais sólida e passa credibilidade para os stakeholders”, detalha Pimentel.
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