Pedro Lobo

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) informou ontem que fechou um acordo com os sócios da Namisa para fusão da produtora de minério de ferro com sua mina Casa de Pedra e ativos logísticos de mineração do grupo siderúrgico. Como resultado da união dos ativos, a CSN vai criar uma nova empresa separada do grupo. O anúncio fez as ações da CSN terem forte alta, exibindo valorização de 3,8% às 14h20. Mas as ações fecharam o pregão com alta de 0,75%, a R$ 6,73.

Analistas afirmaram que a CSN pode ter sido motivada a buscar a fusão das unidades para evitar ter que pagar mais de US$ 3 bilhões em penalidades aos sócios asiáticos por não cumprir metas de expansão da Namisa. No ano passado, a CSN havia alertado que a parceria poderia ser dissolvida se as divergências entre os sócios não pudessem ser resolvidas.

′Apesar de não sabermos os termos econômicos do negócio, vemos a transação como negativa. No final, a CSN está entregando parte de um ativo estratégico valioso que é a mina Casa de Pedra′, disse Rodolfo Angele, analista de mineração e siderurgia da JPMorgan Securities.

Em breve comunicado, a CSN disse que os acordos com seus sócios na Namisa - Itochu Corporation, JFE Steel Corporation, Posco, Kobe Steel, Nisshin Steel e China Steel Corporation - foram assinados na última sexta-feira. Procurada, a CSN não deu mais detalhes sobre o acordo.

Porém, uma fonte com conhecimento do acordo afirmou que os termos da operação ainda podem ser revistos.

Segundo a CSN, a transação está sujeita a aprovações pelos conselhos de administração das partes, que devem ocorrer até 12 de dezembro.

O acordo ocorreu após uma comitiva de executivos dos sócios asiáticos vir ao Brasil em meados deste mês para mais uma rodada de negociações com a CSN.

A CSN passou a deter 60% da Namisa e os sócios asiáticos, o restante, após a venda de parcela de 40% da mineradora em 2008, por cerca de US$ 3,1 bilhões. A companhia brasileira vinha tentando há alguns anos um acordo para a fusão dos ativos, afirmando que a operação traria ganhos de escala e de produtividade para a área.

O Goldman Sachs e o escritório de advocacia Barbosa, Mussnich & Aragão assessoraram a CSN no acordo, enquanto Itaú BBA e o escritório Machado Meyer trabalharam com os sócios asiáticos da Namisa, afirmou outra fonte.

No primeiro semestre, a área de mineração da CSN foi responsável por 25% da receita líquida da companhia. O terminal de exportação de minério de ferro Tecar deve chegar a um ritmo de 45 milhões de toneladas anuais até o fim deste ano.

Brasil Econômico -  25.11.2014, p. 18