A transição energética é um dos grandes destaques da COP30, que será realizada em 2025 em Belém do Pará. Embora o tema costume ser associado à redução do uso de combustíveis fósseis, isso não significa o fim do petróleo. Pelo contrário: a indústria petrolífera continua desempenhando um papel estratégico para assegurar a segurança energética e apoiar a agenda de sustentabilidade no Brasil.

Neste artigo, reunimos os principais insights do videocast especial da nossa série sobre a COP30, com a participação de João Vitor Moreira, Vice-presidente comercial da PetroRecôncavo, em companhia de nossos sócios Fernando Xavier e Daniel Szyfman.

A RELEVÂNCIA DO PETRÓLEO NA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA


O petróleo continua sendo essencial para a matriz energética global. Além de combustível, ele é matéria-prima para diversos produtos industriais. No Brasil, a revitalização de campos maduros tem permitido prolongar a vida útil de ativos, garantindo produção sustentável e geração de valor econômico e social.

Segundo João, aumentar o fator de recuperação (percentual do volume de petróleo que pode ser extraído do reservatório) é uma das grandes oportunidades. Cada ponto percentual adicional do fator de recuperação equivale, na prática, a uma nova descoberta, mas com menor impacto ambiental, considerando a utilização de infraestrutura já existente.

GÁS NATURAL: COMBUSTÍVEL DA TRANSIÇÃO


Outro ponto central da discussão é o papel do gás natural. Considerado o combustível fóssil menos poluente, ele é fundamental para dar estabilidade à matriz elétrica brasileira, predominantemente renovável, mas dependente de fontes firmes para compensar a intermitência da eólica e da solar.

A PetroRecôncavo tem investido fortemente na viabilização de reservas de gás natural, incluindo a verticalização e o desenvolvimento de infraestrutura para processamento e escoamento de gás, além de ampliar sua participação no mercado livre. Hoje, 40% das reservas da companhia são de gás natural, reforçando sua relevância na transição energética.

O PAPEL DOS PRODUTORES INDEPENDENTES E A REVITALIZAÇÃO DE CAMPOS MADUROS


Nos últimos anos, a entrada de produtores independentes transformou a indústria onshore no Brasil. No caso da PetroRecôncavo, a companhia assumiu diversos campos terrestres e conseguiu dobrar a produção em alguns polos em apenas 24 meses, além de manter uma taxa de reposição de reservas superior a 100%.

Essa estratégia não apenas garante a segurança energética, mas também gera impactos sociais significativos. Em algumas regiões do Nordeste, até 50% da receita municipal vem da atividade petrolífera, contribuindo para melhorias em indicadores como educação e saúde.

DESAFIOS REGULATÓRIOS E PRÓXIMOS PASSOS


Apesar dos avanços, ainda existem barreiras regulatórias que dificultam a agilidade necessária para projetos em campos maduros, como licenciamento ambiental e regras fiscais. Além disso, a regulação da ANP é a mesma para campos marítimos gigantes e campos terrestres, gerando um ônus desproporcional para operadores independentes de campos pequenos ou maduros.

Adaptar esse arcabouço à realidade das companhias independentes é essencial para destravar investimentos e aumentar a competitividade do setor.

Com os incentivos corretos, a expectativa para o futuro é de maior exploração em bacias maduras, aproveitando o conhecimento acumulado e a infraestrutura existente, além da integração com fontes renováveis, criando um ecossistema energético mais sustentável.

A transição energética não significa o fim do petróleo, mas sim uma transformação na forma como ele é produzido e integrado à matriz energética. A indústria onshore brasileira tem mostrado que é possível conciliar eficiência, sustentabilidade e impacto social positivo.