Parcerias com escritórios estrangeiros, criação de novas áreas e unidades, instauração de grupo multidisciplinar, contratações de profissionais, especializações, levantamentos de oportunidades e palestras para clientes. Vale tudo nos escritórios de advocacia na corrida pelas oportunidades de lucro que já começam a surgir por conta de negócios relacionados à Copado Mundo de2014eàOlimpíada de 2016. A especialização e os diferenciais instituídos entre as bancas são estratégias para garantir um crescimento de até 40% no faturamento, que deve continuar mesmo após os eventos.Em muitos, a largada foi dada já há algum tempo. No Demarest & Almeida Advogados, a korean desk foi criada há oito anos para atender clientes coreanos com interesse na Copa e na Olimpíada. O escritório celebrou uma parceria com o Noer LLR banca alemã com experiência nesse tipo de evento. "A idéia é somar esforços e assessorar clientes de forma diferenciada, com experiência local e internacional. Ofertamos expertise em eventos de semelhante natureza e grandeza no exterior", afirma o sócio da área empresarial Bruno Drago.Para ele, o Demarest & Almeida tem feito diversas captações e palestras não só para clientes, mas também em consulados, associações e eventos. A banca criou até um informativo ligado ao Grupo de Eventos Esportivos, que traz atualização dos projetos em fase de discussão ou implementação, incentivos fiscais, linhas de financiamento e chances de patrocínio. Além disso, envia-se o Boletim de Oportunidades em Licitações a mais de 3 mil contatos duas vezes por semana. "A constante atualização do time com relação às janelas de oportunidade que se abrem é preocupação constante", completa Drago.A banca se concentra em diversos negócios na área, mas a aposta maior é em tudo que não dependa da aprovação estatal. "Estamos trabalhando em todas as frentes, mas esse tipo de investimento é mais fluido para nós. É mais fácil para a empresa avaliar mercado, custo e saber como fazer", diz o sócio Mário Villanova Nogueira. O tipo de negócio envolve áreas como tecnologia para materiais esportivos e ingressos, hotelaria, transporte, logística, restaurante e entretenimento.No Machado,Meyer,Sendacz e Opice Advogados o centro das atividades teve início dentro da banca. A dedicação exclusiva de alguns advogados, desde 2002, ajudou a construir a área de esportes e entretenimento. "Nosso investimento esteve concentrado em ações internas de aumento da integração entre os profissionais do escritório que integram a área de esportes e os profissionais de áreas ligadas aos eventos, como infraestrutura, financiamento, contratos e ambiental", diz o sócio Ivandro Sanchez. O escritório assessora cinco dos 12 projetos de construção de estádios para a Copa do Mundo e estão envolvidos em praticamente todos os maiores projetos de infraestrutura voltados aos eventos, além de trabalharem com patrocinadores e empresas de mídia.Desde que o Brasil foi anunciado como sede da Copado Mundo e da Olimpíada, o Trench, Rossi e Watanabe Advogados estabeleceu uma série de ações para apresentar as oportunidades de investimentos no Brasil a empresas de expressividade que devem aproveitar o momento propício para iniciar uma operação no País. Há dois anos foi criado o Grupo de Prática Copa/Olimpíada e a demanda de investidores vem aumentando ano a ano."Sócios do escritório já fizeram encontros com empresários ou ministraram palestras em seminários em países como Estados Unidos, China, Alemanha, Inglaterra e Suíça", afirma o sócio José Roberto Martins. O advogado explica que o escritório deve aumentar emmaisde20%suasoperaçõessóem2011.Desde 2009, a banca já observou um crescimento de 10% no volume de trabalho e de 10% no número de profissionais que amam em iniciativas relacionadas à Copa e Olimpíada.José Martins afirma que as operações para viabilizar empreendimentos de monta como os envolvidos nesse tipo de evento exigem a mobilização de uma gama de especialistas em diferentes áreas do direito. "Eles analisam situações complexas afim de minimizar riscos e propiciar a efetividade dos negócios com a melhor performance para as partes."As equipes especiais criadas pelos escritórios também têm suas particularidades. No Emerenciano, Baggio e Associados Advogados o grupo monitora os investimentos estrangeiros que estão sendo feitos no Brasil para explorar as oportunidades de negócios.0 escritório está envolvido em reforma de arenas, concessão de aeroportos, metrô, Trem de Alta Velocidade (TAV), expansão de malha rodoviária, abertura de sociedades estrangeiras na área de ensino de idiomas, fornecimento de refeições e diversos tipos de equipamentos e suprimentos. "Esperamos que, pelo menos, 35% negócios venham de fatos relacionados a estes eventos", diz o sócio Robertson Emerenciano. O faturamento deverá crescer pelo menos 40% com os incrementos dos negócios relacionados com Copa e Olimpíada.A experiência nas relações entre empresas e governo também conta como importante peculiaridade. Especializado em licitações e contratos com a administração pública, o Lúcia Tucci Advogados deverá participar do maior número de projetos voltados para inovação, como portos, aeroportos, transportes ferroviários, geração de energia ou projetos relacionados à alta tecnologia e sustentabilidade. "Vamos tratar dos assuntos relativos à área de leilões de imóveis, que ainda é pouco explorada pelo Poder Público, mas não passará em branco face às necessidades dos eventos", afirma a titular Lúcia Tucci.O plano do escritório é ousado, dobrar de tamanho até 2015. As táticas para aproveitar a disputapelos investimentos espalhados por todas as áreas da economia incluem não apenas a abertura de unidades no Rio de Janeiro, sede dos jogos olímpicos.O Minhoto Advogados Associados, voltado principalmente para a área de seguros, abriu filial em Cuiabá. A inusitada escolha também se deu pelo crescimento do lugar, puxado pela produção agrícola. Mas o fato de a capital mato-grossense estar entre as sedes da Copa de 2014 também pesou. ′A região está crescendo economicamente, mas a área de serviços não acompanha. Há uma carência de atendimento especializado", afirma Homero Stabeline Minhoto,fundador da banca.ContinuidadeO Brasil está na oitava posição no ranking de países de destinos de eventos, e é o único representante da América Latina, segundo a lnternational Congress and Convention Association (ICCA). A Embratur estima que o País deva realizar mais de 240 eventos esportivos internacionais ao longo dos próximos anos. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estima a injeção de R$ 274 bilhões no setor de infraestrutura até 2013, sendo R$ 92 bilhões só na área de energia elétrica. Estudos indicam que até 2014, há previsão de abertura de 198 empreendimentos hoteleiros, montante total de mais R$ 7 bilhões em investimentos. Com isso, os escritórios apostam que aboa safra vai continuar. "O País deverá continuar a ser foco de investimentos, mesmo depois dos grandes eventos esportivos, que já devem propiciar mudanças na economia como um todo. Além da Copa e Olimpíada, há também a exploração da camada de pré-sal, que vem complementar a necessidade de investimentos na área de logística e transporte, seguros, educação e qualificação de mão de obra", afirma José Roberto Martins, do Trench, Rossi e Watanabe. "Um dos grandes legados dos eventos será a transformação da indústria do esporte no País, elevando o patamar e se aproximado de países como EUA, Inglaterra e Espanha. Haverá uma natural qualificação dos envolvidos nesse segmento e, com isso, aumentará a demanda por contratos e serviços jurídicos", diz Sanches, do Machado, Meyer, Sendacze Opice.Alguns "compram" outros "vendem"Enquanto muitos escritórios querem "comprar" para seus clientes os negócios da Copa, outros se concentram em "vender". É o caso do Barbosa, Müssnich & Aragão (BM&A), escolhido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no início de 2007 para coordenar a parte jurídica da candidatura brasileira. Confirmado o Brasil como sede da Copa, o sócio Francisco Müssnich seguiu como líder do grupo formado dentro do BM&A para atender todas as demandas jurídicas do recém-criado Comitê Organizador Local. "Como única assessoria do Comitê na parte jurídica, o escritório tem-se desdobrado nos últimos quatro anos para prestar serviços ligados à propriedade intelectual, contratos, infraestrutura, direito societário, administrativo, tributário, trabalhista, desportivo, entre outras áreas", afirma Bruno Lewicki, que também assessora o comitê.O trabalho é de longo prazo e o escritório vem acompanhando o crescimento tanto do organograma do Comitê como do próprio volume de serviços demandados. Com a aproximação das competições, o trabalho se multiplica. Mas fora os grandes acontecimentos e os inúmeros contratos ligados a eles, há toda uma rotina administrativa do Comitê que gera uma prestação de serviços diária e permanente.Além disso, o BM&A representa o Comitê e o auxilia na interface com os principais representantes da organização dos eventos parte que envolve uma profunda relação com a Fifa e com seus advogados na Suíça e no Brasil.O escritório concentrou-se no governo federal, para a adaptação da legislação brasileira aos compromissos prestados pelo Brasil, como regulamentação das questões tributárias e vistos, permissões de trabalho, registro de marcas, regras sobre venda de ingressos, alocação de responsabilidades e o chamado "marketing de emboscada". Depois, o foco passará para as cidades e estados que sediarão os jogos e também precisarão ter suas legislações adaptadas."O escritório é detentor de conhecimento teórico e prático quase inigualável, no Brasil, quanto à organização jurídica de grandes eventos. A idéia é desfrutar de um a começar pelos Jogos Olímpicos de 2016", afirma Lewicki. Além disso, o escritório já montou um grupo multidisciplinar de infraestrutura para atuar mais fortemente no setor no futuro. "O escritório se beneficia do crescimento do setor como um todo."

(DCI 02.09.2011/Caderno Especial – Pg. B10)

(Notícia na Íntegra)