Ex-estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco vão pagar a restauração do busto de Álvares de Azevedo
 
NAIANA OSCAR, Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
 
Ali no Largo São Francisco, diante de mendigos, pombos e do movimento da Faculdade de Direito, está a estátua de um antigo aluno, o poeta Álvares de Azevedo. No auge de seus 101 anos, o monumento nunca passou por uma restauração. Jamais foi limpo nem teve as pichações apagadas. Mas 2009 promete ser um ano de renovação. O busto de bronze será restaurado pela Associação dos Antigos Alunos da Faculdade em parceria com um escritório de advocacia, também de ex-estudantes.
 
O monumento foi doado para a cidade em 1907 pelo centro acadêmico da faculdade. À época, como a instituição ainda não havia se estabelecido oficialmente no Largo São Francisco, a estátua foi levada para a Praça da República.
 
Lá, a imagem do poeta ficou meio esquecida até 2005, quando na tradicional festa da peruada, realizada há quase um século, os estudantes de direito a “descobriram”. E iniciaram uma campanha para levar o saudoso colega aos arredores da academia. Tinha até camiseta: “Volta, Álvares!”.
 
Como o Departamento do Patrimônio Histórico não se sensibilizou, os alunos arrancaram o monumento da praça com um guindaste e o levaram de madrugada, declamando versos do poeta, até o Largo São Francisco em maio de 2006. Ninguém ousou tirá-lo dali.
 
Ao justificar a remoção, os estudantes já demonstravam a intenção de reformar a estátua. “Como eles não tinham condições, nós, irmãos mais velhos, acabamos assumindo essa missão”, disse o presidente da Associação de Antigos Alunos, José Carlos Madia Souza. A motivação, segundo ele, não está apenas no fato de Álvares de Azevedo ter sido aluno da instituição. “Quem vê de fora imagina que nossa escola só ensina lei. Mas ensinamos sobretudo a arte da convivência humana e isso está muito ligado à poesia”, diz.
 
 
A entidade vai dividir os custos do restauro e da manutenção pelos próximos dois anos com o escritório Machado, Meyer, Sendacz e Ópice. A parceria foi autorizada pela Prefeitura de São Paulo e publicada no Diário Oficial na semana passada. O custo total é de R$ 30 mil. A meta agora é trazer companhia a Azevedo: uma estátua de Castro Alves e outra de Fagundes Varella, que também foram alunos da faculdade.
 
(Jornal da Tarde 15.02.2009/Caderno Cidade)
 
(Notícia na íntegra)