Fundo vendeu unidade da Paranapanema e deve sair de Costa do Sauípe e do Hopi Hari
Grupo procura investidor que se interesse pelo parque Hopi Hari
A Previ deu ontem mais um passo em direção ao objetivo de sanear investimentos e entrar 2009 livre de negócios malsucedidos. O Grupo Paranapanema, no qual o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil tem 49,08% do capital total, anunciou ontem a venda de seu ativo de estanho, a Mineração Taboca, mais uma subsidiária integral, por R$ 850 milhões para o grupo peruano Serra da Madeira Participações. Até o final deste ano, a Previ deve ainda concluir a negociação do resort Costa do Sauípe para a rede jamaicana SuperClubs. A próxima etapa será a venda do parque de diversões Hopi Hari, conta o presidente da Previ, Sérgio Rosa.
"Desde que assumi a presidência da Previ, a gente sempre falou com os nossos associados que teríamos um foco muito grande em tratar esses ativos que entendemos que estavam com problemas", afirma Rosa. De acordo com ele, a Paranapanema já está com sua dívida, próxima a R$ 1 bilhão, equacionada. "A Previ precisa reduzir sua participação em renda variável e vai selecionando ativos para isso", disse. Costa do Sauípe, complexo hoteleiro no litoral da Bahia 100% de propriedade da Previ, também já consumiu R$ 1 bilhão, desde 2000, e está sendo negociado por cerca de R$ 200 milhões, segundo fontes do setor de turismo. O advogado Alexandre Clapis, coordenador da equipe que finaliza o contrato de venda, não confirma o valor, mas diz que o resort está passando por uma auditoria jurídica, cujo relatório final fica pronto esta semana, e outra análise técnica. O negócio pode ser finalizado até 30 de setembro.
"O pessoal que esteve lá para conhecer o empreendimento disse que é uma jóia que precisa ser lapidada. Em termos de operação, é possível ter bons rendimentos e retornos", afirma Clapis, do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice, que mobilizou uma equipe de pelo menos 15 advogados para formatar o contrato de venda para os jamaicanos.
Rosa anunciou que todos os sócios do Hopi Hari, localizado em Vinhedo, interior de São Paulo, negociam suas participações. A Previ tem cerca de 10% do capital total do empreendimento. O parque também tem como acionistas a LPDS Participações (Grupo GP), com 44,5%; Fundação Atlântico (do Grupo Oi), 13,2%; Funcef (Caixa Econômica Federal), 10,91%; Petros (Petrobrás), 9,88%; Prevhab, 6,66%; e outros, 4%.
"Vai ser uma saída em conjunto. Todos os sócios estão trabalhando na mesma direção. Ninguém está fazendo nada sozinho. Estamos procurando alguém que se interesse em adquirir o parque, que tenha possibilidade de investir e tocar para frente", afirma Rosa. O Hopi Hari informa que estima crescimento de 17,2% na receita de 2008, para R$ 83,7 milhões, com 2 milhões de visitantes.
Os funcionários do Banco do Brasil têm grande preocupação com a atuação da Previ, por causa da falta de mecanismos de punição em investimentos considerados ruins. A avaliação é do presidente da Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (Anabb), Valmir Camilo. "A Previ não conseguiu até hoje, em toda a sua história, identificar os responsáveis pelos maus investimentos", afirma. "Nossa preocupação é o sentimento de impunidade."
De acordo com o presidente da Previ, Costa do Sauípe e Hopi Hari têm uma base comum: a percepção de que a estabilidade econômica, a partir de 1995, iria provocar um aumento nos gastos com entretenimento. "De certa maneira, aquela expectativa que existia de que haveria um fluxo importante de consumo de produtos de entretenimento acabou não se confirmando. Pelo menos não se acertou o tipo de oferta que se fez internamente", admite Rosa.
O vice-presidente da Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil (Adibra), Fernando Souza, tem avaliação parecida. Segundo ele, o Hopi Hari teve temporadas de muito sucesso, mas o problema do setor é a falta de capacidade de investir em novas atrações por causa dos altos custos de importação. "Muitas vezes, um empreendimento que é montado no Brasil acaba ficando muito mais caro dos que nos Estados Unidos, por exemplo".
(O Estado de São Paulo 23.09.2008)