Universitários selecionados para acompanhar o dia de trabalho de dirigentes de grandes companhias contam como a experiência os afetou
Como “sombra” de um CEO, o dia do estudante mineiro de engenharia mecânica Vinícius Costa Soares começou com uma caminhada no Parque do Povo, às 6h30 da última quarta-feira, acompanhando o presidente da VLI, Marcello Spinelli. Essa é uma atividade que o executivo faz rotineiramente. “Ele contou que considera atividade física muito importante para trabalhar melhor”, diz Soares.
Ele foi um dos 16 universitários selecionados pelo programa CEO por um dia para acompanhar uma jornada diária de trabalho de um presidente de uma grande empresa. O programa é realizado pela consultoria Odgers Berndtson com apoio do Estado, PDA International e Machado Meyer Advogados.
Após o café da manhã, os dois foram inspecionar o andamento de obras de expansão do terminal da empresa de logística no porto de Santos. De volta a São Paulo, o jovem acompanhou o executivo em reuniões com a diretoria da VLI e no encontro com os trainees da empresa, em um hotel.
“Pude aprender que o CEO deve arriscar se quiser fazer algo grande, e ele sempre precisa atrair gente boa que esteja disposta a fazer as coisas”, conta Soares, que pretende seguir carreira corporativa e hoje é sócio de uma startup de investimento. Ele diz que também aprendeu que o CEO é o “guardião da cultura da empresa”.
Para Spinelli, o encontro serviu para desmistificar a figura do CEO e também passar a mensagem da necessidade do equilíbrio. “Ele é necessário para estar preparado para a pressão que vai sofrer no trabalho, para estar preparada para se articular para enfrentar os diferentes desafios.”
O executivo também ressalta a importância do contato com as novas gerações . “Esses meninos têm muito claro que não se trata de ter carreira a qualquer custo e a qualquer riqueza. Eles querem algo mais, ter um propósito, saber qual é o papel que a companhia tem, quais são seus objetivos”, afirma Spinelli.
Educação. “Pude entender que a principal tarefa de um CEO é tomar decisões e conectar pessoas”, afirma a universitária Victoria Pinto da Silva Jardim. Outra dos 16 jovens selecionados, ela foi “sombra” do CEO da Laureate Brasil, José Roberto Loureiro.
Também estudante de engenharia de produção, a gaúcha “gostou muito” da experiência, e também pôde se beneficiar de uma espécie de coaching feito pelo líder da Laureate. “Conversamos bastante a respeito do meu perfil, ele me deu dicas a respeito de MBA, de habilidades que são importantes um CEO ter, que é importante ter conhecimento em finanças, estratégia, pessoas, ter capacidade de trabalho em equipe e ter muito conhecimento sobre o seu mercado.”
Ela diz que depois do dia com Loureiro, está tendendo mais para futuramente ter um negócio próprio.
“Victoria chegou em um dia bastante atribulado, porque eu tinha ido aos Estados Unidos tratar do orçamento para o próximo ano. Então, a agenda estava cheia”, conta Loureiro.
“Eu tive chance de conhecer um pouco das características dela, ela é muito competitiva. No fim do dia eu fiz uma espécie de coaching para lhe dizer o quanto suas skills bem usadas poderiam lhe ajudar ou, do contrário, poderiam lhe atrapalhar”, conta. “Na vida profissional aprendemos que às vezes nossas virtudes se transformam em fraqueza quando são super utilizadas”, afirma o CEO, que se impressionou com a jovem.
Logística.“Foi muito interessante. Participei tanto de reuniões de rotina quanto de estratégia, de reuniões envolvendo assuntos sigilosos. Deu para ver bastante, tanto a respeito da DHL quanto como é o dia a dia de um CEO”, afirma o estudante de administração José Luiz Bosco Júnior, que foi selecionado para acompanhar o dia de trabalho do CEO da DHL Supply Chain, Javier Bilbao.
“Ele me disse que é importante você entender quais são suas limitações e suas capacidades, para saber fazer as escolhas conforme elas aparecerem”, conta Bosco, referindo-se às conversas que manteve com Bilbao. “Ele também disse que se deve tentar fazer o que nos deixa feliz”, diz o jovem, acrescentando que considera a experiência como “sensacional”.
Bilbao afirma que o estudante teve realmente a oportunidade de conhecer como é um dia na posição de CEO.
“Tem essa parte boa que é conseguir a visão de alguém que é, vamos dizer, relativamente inocente, limpo de expectativas do que está acontecendo, e sentir o impacto que você tem na pessoa”, afirma o CEO.
“Eu gostaria de retomar o contato com ele, depois de alguns dias, para sentir como ele enxerga essa experiência, depois de ter tido um tempo para pensar sobre isso.”
O Estado de S. Paulo