Texto Chrystiane Silva
A maior mineradora do
país consolidou sua participação no mercado internacional vendendo produtos
para a China
Quanto mais intenso for
o crescimento mundial, melhor para a Vale. A empresa é uma das maiores
produtora de minério de ferro do mundo e exporta boa parte de sua produção para
os países asiáticos. Capitaneados pela China, os asiáticos se transformaram na
locomotiva de crescimento mundial. O consumo de minério triplicou nos últimos
cinco anos porque ele é usado nas grandes construções, na fabricação de
automóveis, eletrodomésticos, parafusos, chapas e arames. Nos últimos anos, a
Vale reforçou sua estratégia de negócios para aumentar a produção de minério de
ferro e níquel. Com bons resultados financeiros, a empresa ocupa o primeiro
lugar na >
No ano passado, o lucro
líquido da Vale ficou em R$ 37,8 bilhões, o maior entre todas as companhias
nacionais, e a empresa atingiu recorde histórico no embarque de minério de
ferro, com 300 milhões de toneladas. A maior operação da companhia fica em
Carajás, no Pará, uma das regiões brasileiras mais ricas em minério de ferro. O
insumo extraído no Pará possui teor de ferro de 67%, qualidade superior à do
resto do mundo e que se constitui em um diferencial competitivo para a empresa.
Se, por um lado, o país
tem um solo propício à exploração de minerais, por outro, falta infraestrutura
e logística adequadas para escoar a produção. Para suprir essas deficiências, a
Vale desenvolveu um sistema de produção de minério de ferro que integra as
minas a céu aberto, com ferrovias, terminais marítimos e instalações
portuárias. "Só assim, é possível ser competitivo no mercado
internacional", diz Gielson Coutinho, diretor executivo da SRK Consultoria,
especializada em mineração, em Minas Gerais.
A Estrada de Ferro de
Carajás (EFC) transporta o minério até o terminal marítimo de Ponta da Madeira,
no Maranhão, de onde ele é embarcado para exportação. A Vale também possui uma
usina de pelotização em São Luís, no Maranhão, que processa material
proveniente de Carajás. Enquanto muitos empresários reclamam do alto custo de
produção, principalmente da energia elétrica, a mineradora achou uma solução
inusitada para a questão. A maior parte do consumo de energia é suprida pelas
hidrelétricas que foram construídas pela própria empresa, como Igarapava, Porto
Estrela, Funil, Candonga, Aimorés, Capim Branco I ell.
PARCERIAS LOGÍSTICAS
Atualmente, um dos
maiores entraves à expansão das indústrias mineradoras no país é a ausência de
infraestrutura eficiente para escoar a produção. "Extrair até que é
simples, porque as empresas já desenvolveram tecnologia suficiente, mas escoar
a produção ainda é muito complicado", diz Liliam Yoshikawa,
advogada especializada em mineração do escritório Machado Meyer Sendacz
Ópice, em São Paulo.
Desde 2005, a produção
de minério de ferro quase duplicou, mas não houve ampliação da capacidade de
escoamento. Para mitigar os riscos de prejuízo, a Vale se associou a empresas
de logística, como a América Latina Logística (ALL), que opera em transportes
rodoviários e ferroviários, e com a MRS Logística, que controla e opera a malha
sudeste da rede ferroviária federal.
A empresa também investe
pesado em tecnologia para garantir o crescimento sustentável do negócio. Há um
grupo de especialistas que trabalha para identificar tendências e desenvolver
novas tecnologias de exploração e produção de minérios. O investimento em
pesquisas em desenvolvimento deve ficar em US$ 2,4 bilhões. No ano passado, foi
investido US$ 1,5 bilhão em responsabilidade social corporativa, sendo US$ 1
bilhão em proteção e conscientização ambiental e US$ 500 milhões em projetos
sociais.
Mesmo com avanço
tecnológico e uma participação consolidada no mercado internacional, a Vale não
escapa da insegurança que assombra os empresários: o risco de uma desaceleração
econômica na Ásia. Das exportações de minério de ferro feitas pela empresa, 63%
vão para os países asiáticos. "O PIB per capita da China ainda é apenas
17% do PIB americano, portanto existe um grande espaço de crescimento.
Continuamos confiantes no futuro da China", diz Murilo Ferreira,
diretor-presidente da Vale. Os investimentos para ampliar e escoar a produção
na área de mineração são feitos para o longo prazo, porque eles incluem a
construção de estrada, ferrovias e portos. Os problemas que afligem a Vale
também atingem as demais empresas do setor. No ranking das maiores empresas mineradoras
do país, a segunda colocação ficou com a Mineração Usiminas, que é uma joint
venture entre a Usiminas e o grupo japonês Sumitomo Corporation. A companhia
foi criada em 2010, justamente para atender à necessidade de compra de minério
de ferro dos asiáticos. A empresa é responsável pelo transporte ferroviário e
portuário de sua produção. A maior área de exploração está em Serra Azul, Minas
Gerais, onde há quatro minas.
Outra importante empresa
do segmento também é uma joint venture, que ficou com a terceira colocação no
ranking das maiores mineradoras. A Namisa é formada pela Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN), que detém 60% do capital, e por sete empresas asiáticas,
Itochu, JFE, Nippon Steel, Posco, Sumitomo Metal, Kobe Steel, Nisshin. Essas parcerias,
muitas vezes, são feitas para minimizar os custos de produção. "Para
compensar os altos custos de produção, as empresas precisam produzir em larga
escala", diz Gielson Coutinho, da consultoria SRK. A estimativa para o ano
é que a produção brasileira de minério de ferro aumente 9,4%, atingindo 510
milhões de toneladas. Os investimentos previstos para a mineração nacional
também devem avançar nos próximos quatro anos. Entre 2012 e 2016, analistas
estimam que devem ser desembolsados US$ 75 bilhões em novos projetos no país.
No ano passado, os investimentos foram estimados em US$ 68,5 bilhões para os
quatro anos seguintes, terminados em 2015. Mas esses valores podem ser revistos
e ficar bem menores. As empresas aguardam, para os próximos meses, a implantação
de um marco regulatório, que pode alterar as regras dos negócios e gerar
incerteza no mercado.
(Brasil Econômico – Especial Melhores do Brasil -
30.06.2012/Págs. 72-74)
(Notícia na Íntegra)