A Análise Editorial reuniu nesta quinta-feira (15), em um bate-papo online, três renomados especialistas do Direito Ambiental para analisarem o novo marco do saneamento: Édis Milaré, advogado, professor e sócio fundador do Milaré Advogados; Fabricio Soler, sócio do Felsberg Advogados; e Roberta Danelon Leonhardt, sócia e head das áreas de Direito Ambiental e Gestão de Crise do Machado Meyer Advogados. O encontro também contou com a participação de Silvana Quaglio, diretora-presidente e publisher da editora e Alexandre Secco, sócio e conselheiro editorial da Análise Editorial, responsável pela mediação da conversa.
O início do debate foi marcado pelo questionamento feito por Secco sobre a qualidade da lei do novo marco. Em um discurso preciso, Édis Milaré fez um breve resumo para contextualizar o atual cenário envolvendo o saneamento básico no Brasil. Segundo o professor, o saneamento no país é um dos déficits mais agudos da infraestrutura. Além disso, ele comenta que o Brasil abriga cerca de 35 milhões de brasileiros vivendo sem água tratada, e quase metade dos municípios brasileiros possuem depósitos de lixo irregulares. De acordo com Milaré, o saneamento ambiental é maior que o saneamento básico.
Fabricio Soler fez críticas duras e lamentou sobre o fato de que praticamente metade do país não possui tratamento de esgoto em pleno 2020. Levantou a informação que cerca de três mil municípios fazem a disposição inadequada dos rejeitos, enviando para lixões a céu aberto, o que acaba por contaminar água, solo, além de comprometer a saúde pública. Soler também acrescenta sobre a ANA, que até então era uma agência muito importante, mas agora, com o marco, está lidando com a dignidade humana, além de ter ganhado um protagonismo enorme. Por fim, o advogado demonstra otimismo sobre o marco, e frisa que o aprofundamento e especialização é o caminho, no Direito Ambiental e em outras áreas.
Para Roberta Danelon, o marco vinha sendo discutido há anos e acreditava-se que fosse resolver todos os problemas do país. Porém, na lei, há pontos positivos e negativos. Um importante fator destacado pela advogada é saber se o marco realmente trará segurança jurídica para os envolvidos. Roberta acredita ser importante analisar as novas licitações que trarão competitividade. Ela finaliza dizendo que as demandas e o serviço na área não faltarão, e que novos talentos devem buscar aprendizado dentro dos escritórios ou instituir um atendimento especializado em seu próprio.
Por fim, a respeito da concorrência e pelo fato do país ter um número expressivo de advogados - mais de um milhão - os sócios acreditam que há espaço suficiente para todos. Porém é necessário que, cada vez mais, esses profissionais busquem uma atuação personalizada que vai atender aos nichos específicos do mercado.
Para assistir as outras lives promovidas pela Análise Editorial, acesse nosso canal no YouTube.
(Análise Editorial - 15.10.2020)