Vale já tem US$ 7,7 bilhões aprovados
para aportes no continente. Petrobras pretende colocar US$ 20 milhões em
unidade de produção de etanol.
O Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico Social (BNDES) anunciou ontem que deve investir R$ 6,5milhões em um
estudo técnico para avaliar a viabilidade da produção de biocombustíveis nos
países-membros da União Econômica e Monetária do Oeste Africano (Uemoa) que são
Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Mali, Níger e Togo. O anúncio foi feito
durante o seminário "Investindo na África: oportunidades, desafios e
instrumentos para cooperação econômica", promovido para a celebração de 60
anos do Banco. Na mesma ocasiãoo presidente da Va l e, Murilo Ferreira, afirmou
que a mineradora tem em carteira atualmente US$ 7,7 bilhões aprovados para
investimentos em nove países da África. No evento estiveram presentes,
além de Ferreira, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, o ministro do
Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, o presidente
do BNDES Luciano Coutinho, o governador do Rio de Janeiro,Sergio Cabral , o
prefeito da cidade, Eduardo Paes e empresários. O estudo anunciado pelo banco
será conduzido pelo consórcio BAIN-MMSO - formado pela consultoria Bain Brasil
Ltda. e o escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados -, que
foi selecionado por meio de Chamada Pública realizada pelo BNDES em 2011.
Os recursos, não reembolsáveis, são provenientes do Fundo de Estruturação de
Projetos (BNDES FEP) e viabilizarão um levantamento em todo o território dos
países, compreendendo condições ambientais, sociais, de mercado, de
infraestrutura, de marco regulatório e de estrutura tributária, entre outras,
que possam impactar a sustentabilidade e a viabilidade da produção de
bioenergia.
Para a professora da Escola Superior
de Propaganda e Marketing (ESPM) , Denilde Oliveira Holzhacker, "há uma
competição dos países emergentes em se aproximarem dos países africanos,
oBrasil, portanto,está acompanhando um processo internacional". A
especialista observa uma diversificação dos destinos nos investimentos, que
antes estavam mais restritos a países lusófonos. Ela afirma que a iniciativa do
governo é importante para mostrar aos empresários, que normalmente tem
desconfianças quanto investir no continente pelo histórico de instabilidade
política, que há segurança. O presidente da Vale se mostrou otimista com o
potencial dos projetos locais, o executivo ressaltou que amineradora brasileira
aposta mais no continente do que os concorrentes chineses. "Não vejo
ninguém da China na nossa frente naÁfrica. Investimos mais do que eles",
garantiu. A Vale desenvolve em Moçambique um projeto de carvão, que inclui a
construção de um porto de águas profundas, uma ferrovia de 900 quilômetros e a
duplicação de uma mina de extração. Durante o encontro, Fernando Pimentel
afirmou que a "conta carvão", denominação para acontade recebíveis
que o governo brasileiro quer criar para financiar projetos em Moçambique, deve
ter como garantia recursos dos royalties pagos pela exploração da mina de
Moatize e parte do faturamento da operação. Ele também elogiou o ex-presidente
Lula, por ter sido o responsável pelo "grande impulso em direção ao
continente africano e esse movimento se mantém no governo da presidente Dilma e
deve gerar o maior proveito possível para o Brasil e os povos
africanos". Ele afirmou ainda que no segundo semestre deste ano
o Ministério deve ter fechado o desenho da "conta carvão". A
ideia é replicar o modelo usado em Angola, onde foi criada uma conta de
recebíveis tendo o petróleo como garantia. Pimentel acrescentou que aVale está
auxiliando no processo, "aVale está disposta a colaborar, porque é de
interesse dela também. Ela vai ter obras de expansão lá, que podem ser
financiadas [por meio desse instrumento]", declarou o ministro. A mina é
explorada pela Vale em parceria com o governo local. A presidente
daPetrobras, Graça Foster, disse noencontro que a empresa "está
completamente disponível" para firmar parcerias com os países africanos
para a exploração de óleo e gás e para a produção de biocombustíveis.
Foster destacou a presença da Petrobras Biocombustíveis em Moçambique, costa
leste da África. Neste país, a Petrobras Biocombustíveis, em aliança local ,já
produz 25% do açúcar do locale deve desembolsar US$ 20 milhões para
construir uma unidade de produção de etanol no país que está em fase final de
execução. Bancos - O aumento do capital disponível para o Banco
Africano de Desenvolvimento deve entrar na agenda do G-20 afirmou no
evento o Luciano Coutinho, que prometeu levar o tema ao ministro da Fazenda,
Guido Mantega. Segundo Coutinho o banco africano tem um déficit defunding de
cerca de US$ 40 bilhões ao ano. O presidente do BTG Pactual,
André Esteves, estimou prazo de seis
meses a um ano para a captação do total de US$ 1 bilhão do fundo de private
equity focado em investimentos na África e lançado ontem pelo banco.
(DCI 04.05.2012/Caderno A4)(Notícia na Íntegra)