Renata
Agostini | São Paulo As
consultas de investidores estrangeiros interessados em comprar empresas no
Brasil segue em alta a despeito da estimativa de contração na economia
brasileira neste ano, afirmam advogados. Em
geral, quando há incerteza em relação ao crescimento do país, o mercado de
fusões e aquisições tende a sofrer. Investidores buscam desembolsar recursos em
mercados nos quais enxergam perspectiva de aumento de receitas de olho no
retorno que terão com o aporte. Para Adriana
Pallis, especialista em fusões e aquisições do Machado, Meyer, Sendacz e
Opice, o ajuste fiscal em curso reforça a percepção de que a turbulência
será passageira. "Os investidores que conhecem o país sabem que a crise
tem prazo para acabar e querem se posicionar", pondera. Diferentemente
do pós-crise, quando o dinheiro no mundo secou para as empresas em dificuldade,
os fundos de investimento agora estão capitalizados, o que favorece o aumento
de operações de fusão e aquisição. Na
avaliação da banca, o ano será de operações menores, mas numerosas. "Começamos
mais céticos. O cenário político tem algum efeito na percepção dos investidores
e empresários. Mas isso já está mudando", diz Eliana Chimenti,
sócia do escritório. Um dos
estímulos às compras vem do efeito da crise sobre os preços das empresas. Nos
últimos anos, os empresários brasileiros passaram a exigir somas equivalentes a
muitas vezes o lucro futuro da companhia na hora da venda e, ainda assim,
fechavam negócio. A euforia terminou. "Esse ajuste já começou. É uma
espécie de choque de realidade para o vendedor", afirma Fernando Meira,
sócio do Pinheiro Neto. A
desvalorização do real também aumenta a atratividade dos negócios para os
estrangeiros, pois os valores em dólar recuam. "Os fundos estão animados.
Eles precisam comprar ativos para justificar sua existência, e há
oportunidades", diz Marcelo Ricupero, do Mattos Filho.
Folha de S. Paulo