Por Renato Rostás | São Paulo

O conselho de administração da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) aprovou os termos do acordo que já havia anunciado com seus sócios asiáticos na mineradora Namisa, informou nesta sexta-feira a companhia por meio de fato relevante. O contrato prevê uma joint venture entre as duas partes na Congonhas Minérios, com fatia de 88,25% para a empresa controlada por Benjamin Steinbruch e 11,75% para os parceiros.

Os ativos que foram inclusos na negociação, além da própria Namisa, são a mina Casa de Pedra hoje sob controle da CSN; a participação da CSN e da Namisa na MRS Logística, no total de 18,63% do capital; bem como ativos e direitos de operação do terminal Tecar no porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro. A parcela do capital social detida por cada p arte no empreendimento conjunto pode ainda ser alterada a depender de ajustes financeiros.

A reunião do conselho da CSN, realizada na quinta-feira, também estabeleceu parâmetros de diluição da participação do consórcio asiático na Congonhas Minérios, a até 8,21%, no caso de ocorrer um evento adicional de liquidez (como a entrada de um novo sócio ou uma abertura de capital) num certo prazo. As empresas japonesas Itochu, JFE Steel, Kobe Steel e Nisshin Steel, além da sul-coreana Posco e a taiwanesa China Steel formam o consórcio que hoje tem 40% da Namisa. Com a operação, passam a deter 11,75% da Congonhas Minérios.

Como parte do acordo, tanto a CSN como as siderúrgicas da Ásia terão contratos de compra exclusiva de parte da produção de minério de ferro da joint venture. O fornecimento terá duração de longo prazo, não informada.

Para conseguir formar a empresa, contudo, ainda serão necessárias aprovações regulatórias de concorrência, de direitos minerários, entre outras chancelas. Os dois lados precisam também, segundo o fato relevante, concordar em relação a um plano de negócios. A expectativa é que a criação seja concluída ao fim de 2015.

A CSN encerra, assim, uma rodada de mais de um ano de conversas com as siderúrgicas asiáticas, que chegaram a ameaçar se retirar da Namisa depois que investimentos não resultaram em expansão de capacidade. Além disso, a associação na Congonhas Minérios permite a captura de sinergias para a exploração mais eficiente do minério de ferro.

"As principais sinergias identificadas estão relacionadas à otimização de procedimentos, eficiência s na operação, redução de custos operacionais e expansão do capital", comentou a companhia brasileira no comunicado. Durante as negociações, o Goldman Sachs foi assessor financeiro da CSN e o escritório de advocacia Barbosa, Müssnich e Aragão, o jurídico. Itaú BBA e Machado Meyer, Sendacz e Opice atuaram ao lado das empresas asiáticas.

- Valor Econômico