No mês que vem, o BNDES entregará
estudo ao governo com possíveis alternativas para administração do setor
portuário.
No começo de maio, o Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e mais quatro empresas, entregam
ao governo federal um estudo sobre o sistema portuário nacional. O trabalhou
demorou dez meses para ser concluído e vai apresentar soluções para os
principais gargalos do setor. Quase todos os problemas já são conhecidos, como
a falta de estrutura, esgotamento da capacidade instalada e a sobreposição de
funções da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) e a SEP
(Secretaria Especial de Portos). A novidade deve ser a sugestão para a
adoção de um modelo de gerenciamento que inclua o controle privado dos portos.
Hoje, apenas os terminais são explorados pela iniciativa privada.
O assunto é polêmico. Atualmente, as
empresas privadas podem operar apenas os serviços de infraestrutura, mão de
obra e arrendar terminais. No novo modelo, o controle dos portos também entrará
no pacote.
No país há 34 portos marítimos e 16
deles já foram repassados da União para estados e municípios. Outros 18
são gerenciados pela Companhia Docas, sociedade mista em que o maior acionista
é o governo, e podem ser os primeiros a fazerem parte do programa de
concessões.
Entre eles estão os portos de Belém,
Santarém, Vila do Conde, Fortaleza, Natal, Maceió, Terminal Salineiro de Areia
Branca, Salvador, Ilhéus, Aracatu, Vitória, Barra do Riacho, Rio de Janeiro,
Niterói, Angra dos Reis, Itaguaí e Santos. "Mas nada impede que a União
solicite aos estados e municípios a devolução de alguns portos e os inclua no
processo de concessão", diz André Luiz Freire, advogado do escritório
Machado Meyer Associados.
Especialistas do setor consideram que
há pelo menos seis portos que são estratégicos e não deveriam entrar no processo
de concessão à iniciativa privada.
"São regiões portuárias que
movimentam cargas de outros estados e não apenas da sua região, como por
exemplo, Santos. Para esses casos deverá haver um modelo de concessão
específico. Além disso, os portos fazem parte da soberania nacional", diz
Marcos Pinto, coordenador do Centro de Estudos em Gestão Naval (CEGN).
O mais provável é que cada porto
tenha um edital de licitação específico. Áreas portuárias com menos movimento
de atracação provavelmente serão menos atraentes para os compradores e podem
ser concedidas com portos com maior movimento. Também devem chamar menos
atenção os portos carentes de infraestrutura como estradas e rodovias. "A
modelagem vai ter de contemplar muitas especificidades, mas também considerar
que as empresas precisar ter lucro e os portos precisam serem
competitivos", diz Marcos Alecrim, chefe do departamento de projetos do
BNDES.
O lucro das empresas que arrematarem
os portos virá das tarifas cobradas nos embarques e desembarques de carga. E
não será pouco. A movimentação é tão grande em alguns portos que o tempo de
espera para atracação chega 14 dias.
(Brasil Econômico 18.04.2012/Pg.11)
(Notícia na Íntegra)
