Para Machado Meyer, governos e Receita são insensíveis em relação às empresas que atuam no país

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Celso Costa, sócio-administrador do Machado Meyer Advogados

O sócio-administrador do Machado Meyer Advogados, Celso Costa, acredita que o mercado jurídico ficará ainda mais competitivo e segmentado em 2017.

“Há excelentes escritórios no Brasil. No entanto, cada vez mais um número menor de escritórios irá disputar os trabalhos relevantes e desafiantes dos clientes. Estamos nesse segmento e voltamos toda a nossa energia para ampliar nosso posicionamento de mercado”, disse.

Celso Costa também comentou sobre os pontos positivos e negativos de 2016 e as expectativas e apostas para 2017. A maior frustração, segundo ele, foi o fato da retomada da economia não ter ocorrido. Costa, entretanto, aposta que isso deve acontecer a partir do segundo semestre deste ano.

“As empresas ainda estão reduzindo de tamanho e sob enorme pressão de custos. Queremos que o país cresça e, junto com ele, nossos clientes. Queremos trabalhar em projetos de expansão dos nossos clientes. Infelizmente, isso ainda não é uma realidade. No entanto, acreditamos na reviravolta”, explicou.

Ele também criticou a “grande insensibilidade” dos governos e da Receita quanto às empresas do país.

“Estamos muito preocupados com a situação das empresas e dos nossos clientes. São nossos parceiros. Muitos são amigos próximos. É bastante preocupante. Acreditamos que há uma grande insensibilidade dos governos federais e estaduais, bem como da Receita Federal do Brasil, com a situação das empresas instaladas no país”, criticou.

Para 2017, o advogado aposta no crescimento das áreas ambiental, corporativa, contencioso, trabalhista, compliance e tributário. Além de um “crescimento relevante de fusões e aquisições”.

Leia a íntegra das respostas do sócio Celso Costa:

Quais áreas registraram crescimento e garantiram faturamento em 2016?
Em 2016 registramos crescimento relevante em diversas áreas do escritório, com destaque para as áreas corporativa, contenciosa, ambiental, trabalhista, compliance e tributário.

Quais áreas tiveram retração em 2016?
Mercado de Capitais.

Os dois movimentos surpreenderam o escritório ou os avanços e recuos eram esperados nestas áreas?
Já esperávamos que os maiores crescimentos viessem dessas áreas, devido à conjuntura de crise em que o País está inserido. O setor de fusões e aquisições manteve um bom volume de transações. Em razão da crise e dos efeitos da Lava Jato, diversas empresas adotaram a estratégia de alienar ativos. Há excelentes ativos em negociação e a depreciação atual da moeda local ajuda atrair investidores estrangeiros.

Outra área com bastante movimentação foi a área corporativa de reestruturação de dívida. Vale ressaltar também os trabalhos no âmbito das recuperações judiciais. Porém, imaginávamos que uma possível melhora da economia pudesse trazer um incremento para a área de mercado de capitais, o que, infelizmente, não ocorreu.

Quais as grandes vitórias da banca em 2016? E quais as derrotas mais sentidas?
Foi um ano importante para o Machado Meyer, em que nos destacamos com a assessoria prestada a clientes como a Telefónica, Banco do Brasil, Embotelladora Andina (Coca-Cola), Vale e Petrobras. Trabalhamos em casos importantes, como o processo movido pelas petroleiras multinacionais contra o aumento da cobrança de ICMS no Rio de Janeiro e taxa de fiscalização, a venda da empresa de alimentos Parati à Kelloggs, a reestruturação societária da Vivo, a aquisição da participação detida pelo BTG Pactual na Recovery do Brasil, entre outras. O ano de 2016 foi bastante intenso para o Machado Meyer.

Além dos negócios, 2016 foi importante porque apresentamos o novo posicionamento de mercado do Machado Meyer. O posicionamento foi identificado após um intenso estudo de branding, alinhado com o que somos, nossa origem. Estamos focados em prover soluções jurídicas aos nossos clientes. Fazer com que seus negócios aconteçam. Investimos, também, em um grande projeto de cultura, a fim de desenvolver e reforçar nossos valores. O projeto de cultura visa dar o contorno das nossas atitudes na perseguição dos nossos objetivos. Queremos ser, cada vez mais, a escolha dos clientes para os seus trabalhos relevantes e desafiantes, prestando um serviço de excelência e focado em formar e ampliar uma parceria de longo prazo. Queremos que o novo ciclo de crescimento do Machado Meyer repita o sucesso da nossa trajetória de 45 anos.

Do outro lado, não posso dizer que seja uma derrota nossa, mas a paralisação do Carf – que agora já está retomando seu funcionamento – afetou os nossos negócios. Outro ponto é a área de mercado de capitais que, a essa altura, esperávamos já estar registrando um melhor desempenho, mas que ainda anda a passos lentos devido à crise do país.

Qual a maior frustração de 2016?
A maior frustração é justamente o fato de a retomada da economia não ter ocorrido. Pelo contrário, as empresas ainda estão reduzindo de tamanho e sob enorme pressão de custos. Queremos que o país cresça e, junto com ele, nossos clientes. Queremos trabalhar em projetos de expansão dos nossos clientes. Infelizmente, isso ainda não é uma realidade. No entanto, acreditamos na reviravolta. Isso deve ocorrer a partir do segundo semestre de 2017.

O que esperavam que aconteceria este ano que na prática não se concretizou?
Como dito anteriormente, a recuperação da economia brasileira. Estamos muito preocupados com a situação das empresas e dos nossos clientes. São nossos parceiros. Muitos são amigos próximos. É bastante preocupante. Acreditamos que há uma grande insensibilidade dos governos federais e estaduais, bem como da Receita Federal do Brasil, com a situação das empresas instaladas no país.

O escritório aposta em quais áreas para crescer em 2017?
Em 2017 acreditamos no crescimento das áreas ambiental, corporativa, contencioso, trabalhista, compliance e tributário. O cenário econômico atual deve permanecer no ano que vem, pelo menos, no primeiro semestre.

Quais as perspectivas para o mercado de advocacia para 2017 em um contexto de tanta instabilidade política e econômica?
Acreditamos que o mercado jurídico ficará ainda mais competitivo e segmentado. Há excelentes escritórios no Brasil. No entanto, cada vez mais um número menor de escritórios irá disputar os trabalhos relevantes e desafiantes dos clientes. Estamos nesse segmento e voltamos toda a nossa energia para ampliar nosso posicionamento de mercado.

No plano macroeconômico pensamos que há muita liquidez no mundo e que esses recursos precisarão ser investidos. Se o governo fizer as reformas necessárias, como a da Previdência e o ajuste fiscal, bem como adquirirmos maior estabilidade política, acreditamos que o país pode ser beneficiado.

A atuação da Justiça em relação a companhias, como visto na Lava Jato e na Zelotes, abre espaço para um trabalho diferenciado de advogado?
Com certeza. A abrangência, repercussão e complexidade desses casos exigem grande conhecimento técnico dos profissionais envolvidos, além de controle emocional. Temos vantagens competitivas como o fato de contarmos com profissionais com passagens em órgãos como o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e o Ministério Público, além de uma equipe com grande sinergia.

Qual as perspectivas do escritório sobre o Judiciário em 2017?
O Judiciário tem tido grande protagonismo no Brasil recentemente e os cidadãos estão mais preocupados em conhecer seus personagens e funções, o que é bastante positivo. A formação de uma sociedade consolidada depende de uma Justiça técnica e independente. O trabalho feito pelo Judiciário na Operação Lava Jato, por exemplo, é uma grande contribuição nesse sentido.

Se 2016 foi o ano da lei anticorrupção, que lei será o destaque no ano que vem?
Os efeitos da lei e da nova cultura de anticorrupção continuarão muito presentes. Apostamos, no entanto, em um crescimento relevante de fusões e aquisições.

Raio-x do escritório

Crescimento: Expectativa de crescer 18% em 2016
Número de Sócios:  51
Número de Advogados: Cerca de 350

(Jota-BR)

(Notícia na íntegra)