É nos fundos da Escola Estadual Caetano de Campos, no palco de um pequeno teatro, que se encontram cerca de 90 jovens. Sentados e empunhados de instrumentos musicais, eles tocam isoladamente, cada um deles. Há violinos, clarinetes, trombones, violoncelos, baixos acústicos e, provavelmente, mais alguns desses instrumentos hipnotizantes que me fogem à memória.

Até às 6 horas da tarde de uma terça-feira, fica difícil definir quais timbres se destacam mais. Eles se sobressaem uns aos outros e ainda não há harmonia. Por um breve momento, meninos deixam de lado seus violinos para se interarem de uma conversa ou outra com os amigos ao redor. Uma das meninas, uma violoncelista, está concentrada em manter uma postura impecável e os olhos atentos em sua partitura. Sentado, à penumbra da plateia, está o maestro Cláudio Cruz, que sozinho folheia calmamente as páginas de sua partitura.

Meia hora depois, o cenário do mesmo teatro e o som mudam. Há silêncio. Cruz sobe tranquilamente os degraus que o levam ao púlpito, onde logo mais seus braços ganharão uma cadência que só maestros e músicos entendem e os olhos leigos se admiram. O maestro cede à palavra e tão logo os instrumentos se rendem a uma harmonia straussiana e o Danúbio Azul atinge os ouvidos, os pulmões e todo o teatro.

 

Com a reestruturação também vieram convites de peso. Este foi o segundo ano consecutivo da OSJESP na Alemanha. Neste ano, eles se apresentaram no Young Euro Classic, um dos mais importantes festivais de orquestras jovens que tem sede em Berlim. Lá, os noventa músicos brasileiros e o maestro Cláudio Cruz foram ovacionados após tocarem “Bachianas”, de Villa Lobos. “Acredito que fomos uma das melhores a se apresentarem em Berlim esse ano. Foi um sucesso inacreditável. Na semana passada, tivemos um teste interno onde avaliamos cada músico individualmente. E eu fiquei encantado. Eles estão melhorando muito e o trabalho tem surtido efeito na vida deles”, avalia.

Outro importante incentivo foi a criação do Prêmio Ernani de Almeida Machado, patrocinado pelo escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados. O prêmio é concedido anualmente aos cinco bolsistas com melhor desempenho, o principal deles é de R$ 60 mil, o maior concedido a uma orquestra jovem no Brasil e que deve ser utilizado em estudos no exterior. Os outros quatro bolsistas recebem o prêmio de R$ 15 mil cada, que devem ser investidos na compra de instrumentos ou no aprimoramento musical.