Com o aumento econômico, empresas usam meios alternativos para não deixar de contribuir
Edison Veiga
Criatividade (contra a crise) e atenção a temas do momento (do ciclismo à sustentabilidade) inspiram as tendências do fazer o bem nesta época do ano. Muitas empresas substituíram as tradicionais "sacolinhas" - kits de insumos e presentes enviados a instituições - por outras formas de solidariedade.
É o caso da Liga Solidária. A ONG enfrenta dificuldades para captação de patrocínio para suas ações sociais, por conta da crise econômica. "Em nossas visitas a empresas, o discurso tem sido o mesmo: este ano é atípico e não há verba", diz a gerente de captação de recursos da Liga, Ana Paula Garcia. “Então decidimos fazer desse problema uma solução e inventamos a "happy hour solidária".
Partindo da premissa que boa parte das empresas realiza confraternizações de fim de ano, a ONG fez uma parceria com o restaurante Spazio Gastronômico. "Eles nos oferecem um preço especial, subsidiado, e nós ′revendemos′ o evento para as empresas", conta Ana Paula, afirmando que, por este formato, cerca de 50% do pago acaba sendo revertido para a Liga. Entre as companhias que aderiram está a Vivo Telefônica e o escritório Machado Meyer Advogados, entre outras.
Em paralelo, a instituição aposta em ações para aqueles que não resistem às boas compras natalinas. Até o dia 24, funciona na badalada Rua Oscar Freire o Mercadinho Chic!, uma feira com 70 expositores em que parte das vendas é beneficente às mais de 10 mil pessoas em situação de alta vulnerabilidade social atendidas pelos projetos da Liga.
Em tempos difíceis, parcerias parecem ser a solução para contornar a conta no vermelho. A Associação de Assistência à Criança Deficiente, por exemplo, tem um acordo com a empresa de alimentos Emulzint. Parte das vendas do produto Pão Amigo é revertida para a instituição. A joalheria Tiffany protagoniza outro caso de filantropia-parceira: em duas datas específicas nas últimas semanas, 5% do total das vendas foi repassado para a ONG Doutores da Alegria e duas organizações do Hospital Israelita Albert Einstein: AmigoH e Voluntariado.
Caixinhas Também há empresas que deixam caixinhas para que clientes e funcionários possam depositar notas fiscais sem CPF - e doar o que seria devolvido por meio da Nota Fiscal Paulista para uma instituição parceira. O escritório Pinhão & Koiffman Advogados instalou uma em sua copa, para ajudar o Projeto Arrastão. A iniciativa foi tomada no dia seguinte a uma visita à instituição, justamente para entregar as "sacolinhas" de Natal montadas pelos funcionários.
A União Brasileiro-Israelita do Bem-Estar Social (Unibes) costuma realizar bazares com roupas usadas - arrecadadas mediante doação - para arrecadar fundos para suas ações sociais. Neste ano, um de seus tradicionais parceiros, a loja de sapatos Eurico, lançou mão de uma dupla de "embaixadores" - os atletas olímpicos Lucão e Jaque - para uma campanha. Já são 6 mil pares de sapatos conseguidos.
O tradicional passeio ciclístico noturno mensal do shopping Pátio Paulista também foi beneficente. Na última edição, cujo tem a era justamente os enfeites natalinos, o valor total das inscrições de R$ 25 por pessoa foi revertido para a compra de presentes, que serão entregues a crianças do Abrigo Reviver pelo mesmo papai noel do centro comercial. “Ajudar o próximo deve ser algo prazeroso", avalia a gerente de Marketing do shopping, Cláudia Lima.
(O Estado de S. Paulo - 20.12.2015, p. A24)
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