Para cortar custos, empresas ampliam busca e renegociam contratos com parceiros
Adriana Fonseca | São Paulo
Investir na seleção de bons fornecedores da área de recursos humanos é fundamental para assegurar a qualidade em todas as frentes que envolvem a gestão de pessoas. Em tempos de crise, no entanto, muitas vezes é preciso ampliar essa busca, manter o foco nos serviços essenciais e até renegociar orçamentos.
"São decisões que afetam diretamente todos os nossos funcionários", afirma Aline Queiroz, diretora de compras na unidade brasileira da L′Oreal. Segundo ela, o desafio em tempos de turbulência é fazer com que a contratação de fornecedores continue sendo guiada principalmente pela qualidade, e não apenas pelo preço.
Aline explica que não existe um fator único para selecionar os parceiros da multinacional francesa. "Sentamos com a equipe de RH para alinhar as expectativas e entender as demandas da área. Só então, estabelecemos os critérios", diz. Entre eles estão avaliar se o fornecedor atende o escopo técnico exigido, ver que tipo de inovação o parceiro pode agregar para a companhia e buscar referências com quem já usa o serviço.
Por conta da situação econômica complexa que o país enfrenta, o departamento de compras da L′Oreal também passou a olhar com mais cuidado o aspecto financeiro do fornecedor. "Checamos se a empresa tem boa saúde financeira para se comprometer com o serviço que está oferecendo", afirma Aline.
A crise também mudou a relação da Saphyr Shopping Centers com seus fornecedores de recursos humanos. Virginia Cereijo, gerente de gestão de pessoas da Saphyr, diz que o grupo, assim como boa parte das empresas do país, deu prioridade à redução de custos em 2015. "Chamamos todos os fornecedores e seus concorrentes para fazer novos orçamentos", diz.
Em áreas como treinamento e desenvolvimento de pessoas, onde a competição é maior, ela diz ter conseguido negociar condições comerciais melhores. Já com folha de pagamento e seguro saúde, onde há menos opções, as condições acabam sendo impostas mais pelo próprio fornecedor. "Aí é questão de rever a relação entre custo e benefício", diz.
Mesmo com as renegociações, a Saphyr não abre mão de outros dois critérios básicos para escolher seus fornecedores de RH: compliance - é preciso seguir a legislação e ter boas práticas - e checagem de referências. "Nós, da área de recursos humanos, utilizamos muitos fóruns para trocar experiências com pessoas do mercado e também para conhecer melhor possíveis prestadores de serviços", afirma Virginia.
Na rede de supermercados SuperPrix, em plena fase de expansão, a principal mudança nos critérios de escolha dos fornecedores de RH tem sido o próprio crescimento da empresa. Focada em melhorar planejamento estratégico e eficiência operacional, a companhia contratou recentemente uma consultoria para ajudar na organização da governança corporativa, fazer coaching com os gestores, estruturar avaliação de desempenho, cargos e salários.
"Chegamos a um ponto em que, para continuar crescendo, precisamos de uma estrutura mais sólida", diz Viviane Areal, CEO do SuperPrix. "A governança é fundamental para alcançar a eficiência operacional que almejamos." Além disso, com a profissionalização da empresa, outros fornecedores de RH foram revistos. "Quando você traz profissionais mais qualificados para a equipe, passa a ser mais rigoroso também nos critérios da escolha dos fornecedores", afirma Viviane. Hoje, o SuperPrix tem 13 lojas no Estado do Rio de Janeiro.
No escritório de advocacia Machado Meyer, a preferência é por empresas que possam se tornar parceiras de longo prazo. Adriano Schnur, sócio e presidente do comitê de qualidade profissional do Machado Meyer, diz que também é importante que o fornecedor possa se adaptar às necessidades individuais do escritório.
Um exemplo é a universidade corporativa da empresa. "Nossos profissionais são muito dinâmicos e bem preparados. Com isso, algumas metodologias de ensino e conteúdos precisam ser adaptados para garantir e manter o interesse desse público", diz.
Desse modo, os cursos são construídos em conjunto entre o Machado Meyer e o fornecedor, e há uma participação cada vez mais intensa do comitê comandado por Schnur. "Na maioria das vezes as escolas estão abertas para atender às nossas necessidades", afirma.
(Valor Econômico - 06.01.2016, p. D3)
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