Renata Soares Piazzon Advogada da área de Direito Ambiental do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice. O documento oficial resultante das negociações dos Chefes de Estado e do Governo durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), intitulado The Future We Want (O Futuro que Queremos), é frágil e marcado por ações genéricas em prol do desenvolvimento sustentável. A Conferência focou em dois temas: economia verde, no contexto de desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza; e marco institucional para o desenvolvimento sustentável. Entretanto, o documento estruturado com os verbos “reconhecer”, “reforçar”, encorajar”, “reiterar” e “enfatizar”, encontra-se repleto de ações vagas e sérias omissões. Dessa forma, o compromisso para o desenvolvimento sustentável e para a promoção de um futuro econômico, social e ambientalmente equilibrado ao planeta, para as presentes e futuras gerações, não foi assegurado por ações efetivas, mas por agendas não especificadas. Ainda, o objetivo da Conferência, de identificar falhas na implementação do desenvolvimento sustentável e levantar novos desafios, foi apenas mencionado, genericamente, como uma urgente ação a ser tomada. Dentre os compromissos do documento oficial, os representantes expressaram a erradicação da pobreza e da fome. Entretanto, ainda que reconhecido que os 20 anos desde a Rio 92 não significaram qualquer progresso na melhoria dos índices da pobreza, nenhum plano eficaz para acelerar o alcance de tal medida foi estabelecido. Além disso, o requerimento de medidas ambiciosas e urgentes e o chamado para a integração da humanidade para o desenvolvimento sustentável e a convivência em harmonia com a natureza não representam inovações trazidas pela Rio+20 e não atingem a relevância dos assuntos tratados. A Rio+20 será historicamente conhecida como a Conferência de reconhecimentos e promessas – reconhecimento da falha na diminuição das diferenças entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos; reconhecimento que, desde 1992, não houve suficiente progresso; reconhecimento que 1 a cada 5 pessoas no planeta ainda vivem em extrema pobreza; reconhecimento que o aquecimento global afeta todos os países – sem qualquer comprometimento ou ação efetiva.   (Britcham Brasil - www.britcham.com.br 27.06.2012) (Notícia na Íntegra)