Por Bárbara Pombo
Depois
de um ano movimentado na área de direito concorrencial e de fusões e
aquisições, o escritório Machado Meyer Advogados aposta suas fichas em
uma área que tem atraído cada vez mais atenção com a nova Lei Anticorrupção,
que prevê punição às empresas que corrompam agentes públicos ou fraudem
licitações e contratos.
"O
Brasil está passando por uma mudança de cultura. Percebemos junto aos clientes
que o compliance é uma atividade importante, e queremos ganhar impulso nessa
área", afirma o advogado Celso Costa, sócio-administrador do Machado,
Meyer, Sendacz e Opice Advogados.
De um
orçamento conservador elaborado em fins de 2013, o escritório projeta um
crescimento real de 5% em 2014, resultado especialmente obtido entre janeiro e
maio e depois das eleições de outubro. "Da Copa do Mundo até as eleições houve
uma desaceleração nos negócios", afirma Costa, acrescentando que as
áreas de fusões e aquisições (M&A) e concorrencial tiveram os melhores
resultados em percentuais absolutos. "Uma é reflexo da outra", diz.
Apesar
da alavancagem nessas áreas, Costa aponta demandas tributárias como
cases de sucesso e preocupação. Foi do Machado Meyer, em parceria com o
jurista Roque Antonio Carraza, a condução do leading case sobre a exclusão do
ICMS do cálculo do PIS e Cofins, que obteve precedente favorável no Supremo
Tribunal Federal.
Por
outro lado, o advogado afirma ser motivo de incerteza e preocupação os
julgamentos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) sobre o
aproveitamento de ágio pago em aquisições para abatimento do Imposto de Renda
das empresas."É uma
situação kafkaniana. O governo criou o benefício e agora cobra de forma
abrangente tributos sobre o ágio. Não há respeito pela legalidade, por isso
vemos o tema com grande preocupação", afirma Costa, acrescentando que em
2015 e 2016 a análise das autuações da Receita devam ficar concentradas na
Câmara Superior do Carf. O Judiciário seria acionado em anos posteriores em
caso de derrota das empresas na esfera administrativa.
Aliada
às áreas tributária, de recuperação judicial e arbitragem que estão
estabelecidas e possuem movimento constante, as operações de M&A,
antitruste, ambiental e trabalhista fizeram frente à paralisia nas ofertas
iniciais de ações, neste ano. Todos os escritórios ouvidos pelo JOTA afirmaram
sentir o desaquecimento nessa área do mercado de capitais. "Quando o ano
começou achávamos realmente que haveriam poucas operações", afirma Costa.
Abaixo,
o sócio gerente do Machado Meyer analisa o mercado de advocacia, pontua
os desafios dos escritórios em ano de aperto fiscal e detalha as perspectivas
da banca para 2015.
Como analisa o
mercado da advocacia hoje?
Está muito competitivo. Os
escritórios precisam se organizar para demonstrar qualidade perante a
concorrência. Isso passa por especialização dos profissionais e forte
investimento em treinamento. Somente aqueles que entregarem a necessidade de
trazer valor agregado (qualidade) estarão presentes nos próximos anos.
Quais são os desafios
da advocacia em ano de crise econômica?
O escritório está inserido
na economia, claro. Mas é curioso porque por ser full-service tem
diversificação para enfrentar adversidades. Quando a economia vai bem as áreas
corporativas - M&A, concorrencial, infraestrutura - estão muito fortes.
Quando a economia desacelera essas áreas são afetadas, mas entram outros
trabalhos de interesse: restruturação de dívida, aumento do contencioso, recuperação
judicial. Há um movimento de uma área para outra. Quando o escritório é
diversificado enfrenta bem as adversidades e até as encara como oportunidades.
É claro que a rentabilidade é maior com crescimento da economia a passos
largos, mas teremos trabalho e vamos continuar rentáveis.
Quais as perspectivas
de crescimento para 2015?
Estamos com um otimismo
cauteloso. Além do compliance, esperamos crescimento na área do
contencioso e arbitragem. Atualmente, a maioria dos contratos propõe soluções
com arbitragem, especialmente em M&A, reestruturações societárias, joint
venture, infraestrutura. É raro não ter. Acreditamos na área de M&A forte
no próximo ano e também de infraestrutura por não ser ano de eleição e por ser
prioridade da presidente Dilma. Em um momento de ajuste da economia acreditamos
que área de recuperação judicial pode trazer muito trabalho. Com política mais
ortodoxa empresas que não estão preparadas podem vir a precisar de plano para
ganhar fôlego e se reestruturar.
Raio X do Machado Meyer
Advogados em 2014
Crescimento: 5% em termos
reais (descontada a inflação). Percentual não considera os números de dezembro,
mês tipicamente com maior faturamento, segundo o escritório
Novos clientes: 200
Casos novos abertos: 2 mil
48 sócios. Um advogado
entrou no time de sócios este ano: Marcos Veríssimo na área de Direito
Econômico e Antitruste
300 advogados
- Jota BR Info - 16.01.2015