Eduardo Cucolo | BrasíliaO governo anunciou mais um aumento de tributos sobre as empresas, para tentar recuperar a arrecadação e cumprir a meta fiscal de 2015.A Receita Federal vai retomar a cobrança das contribuições PIS/Pasep e Cofins sobre as receitas financeiras de cerca de 80 mil empresas a partir de 1º de julho.A medida deve gerar uma arrecadação extra de R$ 2,7 bilhões entre agosto e dezembro e de R$ 6,5 bilhões por ano a partir de 2016.A cobrança se dará, por exemplo, sobre ganhos com aplicações bancárias e operações de "hedge" - em que a empresa busca proteção contra a variação do câmbio.O aumento dos tributos foi publicado na quarta-feira (1º) em edição extra do "Diário Oficial da União".A tributação desse tipo de operação foi instituída no início da década passada, mas o governo zerou a cobrança a partir de 2004. Agora, a alíquota será de 4,65%, sendo 0,65% em relação ao PIS/Pasep e 4% para a Cofins.A cobrança vale para empresas que estão no regime de apuração não cumulativa desses tributos. Isso inclui praticamente todas as grandes companhias do país, aquelas que pagam Imposto de Renda sobre o lucro real.Na época, a lei autorizou o governo a regular a alíquota desses tributos por meio de decreto. Isso significa que a mudança não precisa passar pelo Congresso, que tem barrado algumas das medidas de corte de gastos e elevação de tributos da presidente Dilma.A Receita disse que, pela lei, o governo poderia aumentar mais a alíquota e que retomou a cobrança "para evitar abrir mão de importantes recursos para a seguridade social, sem que se vislumbre, hoje, motivação plausível para tal renúncia".Para o advogado Celso Costa, do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice, a medida afeta, em proporção maior, exportadores e importadores, que precisam buscar proteção contra variações cambiais na Bolsa."Qualquer aumento de carga tributária no atual cenário é complicado, porque as empresas estão administrando as finanças com cuidado", disse."No caso do ′hedge′, o efeito é mais complicado, porque elas não estão trazendo receitas adicionais. É um meio de proteção",- Folha de S. Paulo - 03.04.2015, p. A16