Uma das maiores companhias agrícolas
do país, com faturamento de R$ 1 bilhão em 2011, a SLC Agrícola anunciou ontem
a entrada de um sócio de peso em sua subsidiária de terras. O fundo Valiance
Asset Management Limited, do Reino Unido, vai capitalizar a SLC Landco com US$
238,58 milhões e passará a deter 49,4% do negócio, focado na compra de terras
brutas e em sua transformação em áreas produtivas.
A meta da companhia é adquirir com
esses recursos 81 mil hectares até a safra 2014/15. Somente neste ano, um terço
dessa área já deverá ser comprada, o que ajudará a SLC Agrícola, responsável
pela operação agrícola da Landco, a elevar seu plantio em 13%.O presidente da SLC Agrícola, Arlindo
Moura, diz que a Landco pretende comprar este ano de 20 mil a 30 mil hectares.
Não haverá tempo, explica ele, para preparar toda a terra para cultivo
imediato. Mas parte dessa área nova já vai compor o aumento do cultivo da SLC
Agrícola na safra 2012/13, que deverá atingir 280 mil hectares, ante os 248 mil
hectares do ciclo 2011/12. "Adicionaremos ainda ao cultivo uma área recém
adquirida na Bahia pela SLC Agrícola".
No desenho da próxima safra, diz o
executivo, já está definido que haverá redução em algodão, cujos preços em Nova
York mergulharam nos últimos meses. Não foi batido o martelo sobre quanto vai
cair o plantio da pluma, mas, a princípio, deverá ficar entre 80 mil e 85 mil
hectares, contra os 95 mil cultivados no ciclo passado. "Menos da metade
do que será produzido na safra 2012/13 está com preço fixado por meio de hedge.
Por isso, neste momento estamos avaliando o retorno que os preços atuais vão
nos oferecer", afirma o executivo. Com a redução do plantio de algodão, a
área vai crescer em soja e em milho, segundo Moura.
A SLC Landco nasceu já com 61.124
hectares, resultado do aporte inicial realizado pela controladora SLC Agrícola
- três fazendas: Piratini (BA), Planeste (MA) e Panorama (BA), avaliadas em US$
245 milhões. Com a entrada do novo sócio, a SLC Agrícola passa a deter 50,6% da
controlada.
Antes de fechar com o Valiance, a SLC
Agrícola negociou com outros dois fundos brasileiros, conta Moura. Ele informa
que os escritórios de advocacia Machado Meyer assessoraram o Valiance e
o Pinheiro Neto, a SLC. "Todos os pareceres jurídicos deram segurança ao
investidor de que, como o controle acionário permaneceria com uma empresa
brasileira, não havia riscos do fundo estrangeiro apostar em uma companhia de
terras no Brasil".
Os US$ 238,58 milhões do novo sócio
entrarão em quatro tranches anuais - a primeira em cerca de 15 dias - mas podem
ser antecipadas caso haja oportunidades em compra de terras no país. O
presidente da SLC Agrícola acredita que os recursos darão sustentação ao
crescimento da empresa até a safra 2014/15, quando a controladora pretende
estar cultivando 400 mil hectares no país.
Após esse período, a SLC Agrícola
realizará outra captação de recursos para seguir com o projeto das terras.
"Isso pode ocorrer com a constituição de uma ′Landco 2′, com outros
acionistas, ou recapitalização da empresa de terras já existente com os mesmos
sócios. "A Valiance demonstrou interesse em seguir com o negócio no
futuro. É um fundo que busca retorno no longo prazo", diz Moura. Por causa
do anúncio, as ações da SLC Agrícola fecharam ontem em alta de 6,52% a R$ 19,44
na BM&FBovespa. (Colaborou Teo Takar)
(Valor Econômico 01.06.2012/Caderno B12)
(Notícia na Íntegra)