Com a COP30 se aproximando, o Brasil assume papel central nas discussões climáticas globais. O agronegócio, setor estratégico para a economia nacional, chega a Belém com um portfólio robusto de soluções de baixo carbono e a oportunidade de liderar a agenda internacional de transição energética.

Neste artigo, reunimos os principais insights do novo episódio da nossa série especial sobre a COP, que contou com a participação de Felipe Mendes, responsável pelas áreas de sustentabilidade, novos negócios e relações institucionais da Tereos, e mediação dos nossos sócios Eduardo Ferreira e Vitor Fernandes de Araújo.

Diretrizes europeias e combate ao desmatamento: impactos no agro


A União Europeia tem reforçado exigências relacionadas a direitos humanos, meio ambiente e desmatamento zero. Para o agronegócio brasileiro, isso significa:

  • Rastreabilidade completa da cadeia: grandes players já estruturaram mecanismos para monitorar fornecedores e áreas produtivas.
  • Convergência regulatória: as práticas exigidas pela Europa já estão incorporadas em boa parte do setor, especialmente em cadeias organizadas.

O desafio, portanto, é comunicar com clareza os avanços já implementados e desmistificar percepções equivocadas sobre a origem do desmatamento.

Boas práticas e desafios globais: como o Brasil se posiciona


O agronegócio brasileiro não apenas absorve exigências externas, mas também exporta soluções sustentáveis. Práticas como agricultura regenerativa e o uso de bioinsumos reduzem emissões e aumentam a saúde do solo, enquanto tecnologias de monitoramento por dados e georreferenciamento fortalecem a rastreabilidade.

Ao mesmo tempo, a conjuntura internacional impõe atenção. Disputas tarifárias e diferentes níveis de ambição climática criam riscos e oportunidades. Nesse cenário, a Europa revisita metas ambientais, enquanto países asiáticos ampliam investimentos em combustíveis renováveis, abrindo espaço para o Brasil reforçar sua posição como fornecedor estratégico de alimentos e energia limpa.

Mercado de carbono e financiamento sustentável: oportunidades para o agro

Embora a Lei do Mercado Brasileiro de Carbono não imponha metas diretas ao agronegócio, o setor participa de diferentes formas. Unidades industriais podem ser reguladas conforme seu perfil de emissões, enquanto projetos de agricultura regenerativa e conservação já acessam preços competitivos no mercado voluntário.

Paralelamente, o financiamento sustentável tem se consolidado como diferencial competitivo. Instrumentos como green loans oferecem redução de taxas e alongamento de prazos mediante o cumprimento de indicadores ambientais. Estruturas híbridas, como debêntures de infraestrutura e operações de project finance, também vêm incorporando metas de descarbonização e governança robusta, conectando capital e sustentabilidade em um círculo virtuoso para o setor.

Oportunidade estratégica na COP30


A COP30 é a vitrine para o Brasil apresentar casos concretos de agricultura de baixo carbono, programas escaláveis (como a recuperação de pastagens degradadas) e modelos de financiamento inovadores que conectam sustentabilidade e competitividade.

O agronegócio brasileiro tem condições de liderar a agenda global de descarbonização, conciliando produção de alimentos e energia limpa. A chave está em comunicar resultados, fortalecer mecanismos de rastreabilidade e aproveitar instrumentos financeiros verdes para acelerar a transição.