Pedro Soares, do Rio

Disposta a assegurar o suprimento de petróleo no longo prazo para a China, a petroleira estatal Sinopec anunciou ontem a compra, por US$ 7,1 bilhões, de 40% das operações brasileiras da espanhola Repsol, uma das principais parceiras da Petrobras nos campos do pré-sal.

É o maior investimento chinês na América Latina.

O negócio foi fechado por meio de aumento de capital na filial brasileira, a Repsol Brasil. Todos os recursos serão investidos no desenvolvimento das descobertas de óleo e gás no país.

Com a transação, a matriz espanhola ficará com 60% da companhia.

Entre os principais negócios da Repsol no Brasil, está a participação de 25% nos campos de Guará e Carioca, no pré-sal da bacia de Santos. Juntos, contam com reservas preliminares de até 6 bilhões de barris -ao todo, o país tem 14 bilhões de reservas provadas.

Nesses campos, a Repsol está associada à Petrobras (45%) e à British Gas.

A Repsol buscava desde novembro de 2009 um sócio capitalizado para bancar o pesado investimento nas descobertas do pré-sal.

Por seu turno, a Sinopec busca investimentos ao redor do mundo para atender à acelerada demanda por petróleo na China, e assim sustentar o crescimento econômico daquele país.

"O negócio da Sinopec não é ganhar dinheiro. O que ela quer é garantia de fornecimento de petróleo no longo prazo", disse David Zylbersztajn, ex-diretor-geral da ANP.

Para o advogado Ricardo Assaf, do Machado, Meyer, Sendacz e Opice, que assessorou a Sinopec na operação, dois fatores influenciaram a decisão chinesa: diversificar seus investimentos após a crise global e garantia de acesso a commodities.

À Folha Alejandro Roig, diretor de comunicação e relações externas da Repsol, disse que os recursos aportados pela Sinopec são mais do que suficientes para os investimentos da companhia e serão usados também para desenvolver novos projetos.

Como alternativa para levantar recursos, a Repsol estudava lançar ações na Bovespa e reforçar seu capital em até 40%. Com o negócio, a ideia foi postergada.

O acordo entre as duas empresas prevê, porém, que elas possam entrar em futuros leilões de concessão de áreas de exploração de petróleo da ANP e comprar ativos em separado -possibilitando mais compras da Sinopec.

(Folha de S. Paulo 04.10.2010/Caderno B7)

(Notícia na íntegra)