O crescimento das bancas no primeiro semestre do ano foi especialmente puxado pelas operações de fusões e aquisições, que no ano passado já haviam sido responsáveis por boa parte dos resultados recordes das bancas, ao lado das ofertas públicas de ações. Como envolvem várias áreas dos escritórios, essas negociações acabaram por afastar uma possível ociosidade diante da redução no número de IPOs, que também costumam envolver equipes diversas.
No escritório Machado, Meyer, uma das bancas mais atuantes no auge dos IPOs no país, as atividades na área de fusões e aquisições - ao lado de outras como a financeira - compensaram a queda das atividades envolvendo o mercado de capitais provocada pela escassez das ofertas de ações. Não tivemos ociosidade neste semestre e a queda nos IPOs não impactou significativamente o escritório, diz Nei Schilling Zelmanovits, sócio e CEO da banca.
As fusões e aquisições que movimentaram as bancas no semestre envolveram setores diversos, mas alguns em especial. O carro-chefe foi o etanol, diz José Luís de Salles Freire, sócio do escritório TozziniFreire Advogados. O advogado Pedro Seraphim, também sócio da banca, diz que foram fechadas quatro operações envolvendo a área de etanol no primeiro semestre e há pelo menos dez outros negócios já engatilhados para serem concluídos no segundo semestre.
Mas não foram apenas as operações de fusões e aquisições que movimentaram as bancas. A área de resseguros - criada com o fim do monopólio do Instituto Brasileiro de Resseguros (IRB) no Brasil - é uma das novidades. Apenas o escritório Demarest & Almeida Advogados atuou no registro de seis resseguradoras, tem outras seis operações do tipo em andamento e sete empresas em processo de decisão. Outra área que desponta nos escritórios neste ano é a de contencioso societário. É um nicho que tem que ser olhado com muito carinho, diz Moacir Zilbovicius, do Mattos Filho. Segundo ele, já há um crescimento nas disputas societárias entre as empresas, ainda que gradual.
O advogado Carlos Souto, CEO do escritório Veirano Advogados, no entanto, afirma que o perfil dos clientes não foi alterado em relação ao ano passado, mas sim as características das operações. Agora há projetos de grande porte e de maior complexidade - um trabalho mais sofisticado e com uma hora mais bem paga, diz.
 

(Valor Econômico 24.07.2008/Caderno E2)