A Iberdrola tornou-se um empecilho para os ambiciosos planos de expansão da Neoenergia, grupo que tem o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (Previ) como principal sócio. Na última hora, a companhia espanhola, que detém 39% das ações da Neoenergia, vetou a participação da empresa em uma das maiores aquisições no setor dos últimos anos, fechado na semana passada. Foi assim que sozinha a Cemig anunciou o acordo para comprar 68% do controle da Terna Participações, em uma operação de pelo menos R$ 2,3 bilhões. O problema para os sócios brasileiros da Neoenergia, na avaliação de alguns observadores, é que a Iberdrola tem motivos concretos para ter tomado a decisão. Isso significa que outras aquisições almejadas pela companhia brasileira podem ser barradas. No setor de distribuição, um dos negócios que a direção da Neoenergia mais se ressentiria em perder seria a compra da Coelce, a distribuidora do estado do Ceará que está sendo negociada pelo grupo Endesa (que teve seu controle recém adquirido pela italiana Enel). A Neoenergia tem grande experiência na região Nordeste onde já detém a concessão das distribuidoras de Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte. Uma frustração, portanto, para os sócios brasileiros que controlam uma companhia que no fim de 2008 tinha uma disponibilidade de R$ 2,4 bilhões, ou seja, um caixa parrudo para ir às compras. O endividamento bruto da Neoenergia chegava, em 31 de dezembro, a R$ 4,9 bilhões. O faturamento se aproximou dos R$ 10 bilhões e o lucro líquido foi de R$ 1,4 bilhão. Estes são números dos quais a Iberdrola não pode dispor no momento. No dia 17 de abril, a Fitch Ratings rebaixou a >Machado Meyer e Pinheiro Guimarães, passou a ser, com a operação, a terceira maior companhia de transmissão do país. Mas é sabido no mercado que a mesa de negociações está aberta em todas as companhias e as conversas são intensas. O setor de distribuição é um dos que está mais movimentado. A primeira jogada, inclusive, partiu da própria Neoenergia que fez uma proposta para comprar a parte da Votorantim na VBC Energia, que controla a CPFL. Mas o negócio acabou sendo fechado mesmo com a Camargo Corrêa, que era a sócia da Votorantim na VBC. A Neoenergia foi procurada para falar sobre o imbróglio com a Iberdrola, mas informou por meio de sua assessoria de imprensa que não iria comentar o assunto.
 
(Valor Econômico 27.04.2009)
 
(Notícia na Íntegra)