Governo cobra das empresas pagamentos feitos aos trabalhadores vítimas de
acidentes, desde 1991, quando surgiu a legislação que permite o ressarcimento
A Procuradoria Geral Federal, da Advocacia Geral da União, está
acentuando os esforços para recuperar, junto às empresas, os pagamentos que fez
devido a acidentes de trabalho. Vem ajuizando cerca de 500 ações regressivas
acidentárias por ano e, em 2011, resgatou mais que R$ 1 milhão. No acumulado,
desde 1991, quando surgiu a legislação sobre o tema, foram 2.300 ações, com
expectativa de ressarcimento de R$ 400 milhões.
As empresas se defendem. Alegam que já participam da conta ao contribuir
com o Seguro Acidentes de Trabalho (SAT), cuja alíquota varia, entre 1% e 3%,
conforme a periculosidade da ocupação. Além do mais, pagam contribuição
previdenciária de 20%, como uma reserva para tais situações, argumenta o
advogado Wagner Balera.
Contudo, a conta não está fechando. “O INSS vem suportando um expressivo
déficit em benefícios acidentários”, diz o procurador federal Rodrigo Abreu
Belon Fernandes, chefe de gabinete da Procuradoria Geral Federal do INSS em
Brasília. Os últimos dados fechados mostram que, em 2009, a arrecadação do SAT
somou R$ 8,9 bilhões e a despesa com os benefícios devidos por acidentes do
trabalho superou R$ 14 bilhões.
As empresas, porém, argumentam que o INSS precisa provar a culpa do
empregador. “É imprescindível que a responsabilidade fique clara”, frisa Rodrigo
Takano, sócio da área trabalhista do escritório Machado Meyer. Ele
lembra que a defesa da empresa nem sempre diz respeito ao valor envolvido na
ação, mas com o risco de se abrir um precedente.
Por isso, os advogados ainda comemoram a dificuldade da Procuradoria de
ajuizar ações no prazo — cinco anos, como previsto no decreto 20.910/32.
As ações do INSS são usadas para combater a negligência do empregador
quanto às condições de trabalho dos empregados, explica o procurador federal
Rodrigo Abreu Belon Fernandes. “Tem efeito pedagógico.”
O exemplo do órgão é Manaus, onde, em um ano, o número de mortes devidas
a acidentes de trabalho caiu 80%.
Tributarista do escritório Siqueira Castro, Fábio Coutinho Kurtz concorda
que há um caráter educativo. Para prevenir problemas, a firma faz seminários
para os clientes, destacando as normas de segurança no trabalho. Também oferece
vistorias semestrais para assegurar o cumprimento das regras.
(Brasil Econômico
18.07.2012/Pg.29)
(Notícia na Íntegra)