Apesar de os fundos de private equity investirem prioritariamente em empresas fechadas, esse tipo de aporte está diretamente ligado ao mercado de capitais, o mundo das companhias abertas. Primeiro porque as empresas que se preparam para ir ao mercado passam a ter controles e processos atraentes para o investidor em empresas fechadas. Depois porque, após colocarem dinheiro e darem musculatura às companhias, os fundos muitas vezes saem das investidas via mercado. Segundo levantamento da B3, nos últimos dez anos, 64% das ofertas de capital feitas no mercado haviam recebido investimentos de fundos de private equity.

“Em 2017, a indústria de private equity levantou US$ 480 bilhões no mundo”, afirmou Mauro Cesar Leschziner, sócio do escritório de advocacia Machado Meyer nas áreas de M&A (fusões e aquisições) e private equity no Market Day, iniciativa do Estadão para fomentar o acesso das empresas brasileiras ao mercado de capitais. “Essa área continuará sendo interessante para quem quer expandir operações.”

A indústria de private equity começou nos anos 80 nos EUA, como forma de prover capital para empresas menores, detidas de forma privada. Os gestores desse fundo cuidam de recursos captados de investidores institucionais e grandes fortunas e buscam retorno maior do que os obtidos numa aplicação de renda fixa ou variável. No ano passado, mais ou menos 60% das operações de fusão e aquisição no mundo tinham recursos de private equity envolvidos.

“Vimos neste ano uma mudança no pensamento dos administradores e gestores dos fundos de private equity no Brasil, que têm olhado muito mais para investimentos defensivos”, afirmou Leschziner. “Eles estão procurando setores como educação e saúde e olhando menos áreas mais sujeitas a oscilação de mercado, como o varejo.” Segundo ele, a tendência é que isso mude no ano que vem. “Com a economia melhorando e as incertezas diminuindo, os fundos vão voltar a investir em empresas não tão defensivas”, disse.

Para Leschziner, uma das grandes vantagens do private equity é valorizar o desenvolvimento do negócio e implementar políticas de boa governança, como trazer para as empresas o conselho de administração e acabar com processos informais. “Além de recursos, os fundos agregam gestão para a companhia porque se tornam um parceiro do empreendedor no negócio”, disse.

As empresas mais atraentes, de acordo com ele, são as que têm um mínimo de faturamento que varia de acordo com as políticas de cada fundo, potencial de crescimento e escalabilidade. Os fundos também se debruçam sobre o plano de negócios, o valuation (valor potencial do negócio) e o patrimônio da empresa, durante a due diligence (diligência feita antes da aquisição).

O Estado de S. Paulo
http://especiais.estadao.com.br/market-day/os-fundos-de-private-equity-agregam-gestao-para-companhias-fechadas/
(Notícia na Íntegra)