Onze consórcios estarão na briga pelo controle dos terminais de Guarulhos, Viracopos e Brasília; lance mínimo é de R$ 5,5 bilhões Renée Pereira Como nas grandes privatizações da década de 1990, o leilão de concessão dos aeroportos brasileiros promete transformar a sede da BM&F Bovespa, na capital paulista, numa grande arena. A partir das 10 horas de amanhã, pelo menos 11 grupos vão se enfrentar na disputa pelo controle de três aeroportos brasileiros: Guarulhos, Viracopos e Brasília, que, juntos, representam quase metade das receitas totais do setor e um terço da movimentação de passageiros no País. Os três terminais vão render, no mínimo, R$ 5,5 bilhões aos cofres do governo federal, Que manterá participação de 49% por meio da Infraero (a estatal será parceira dos vencedores). O mercado calcula, no entanto, que o preço estipulado tenha ágio significativo, a exemplo dos leilões do final da década de 1990 – como os do setor elétrico e ferroviário ou o da Vale, vendida por R$ 3,38 bilhões. Vencerá a concessão dos aeroportos quem der a maior oferta. “Vai ser uma guerra e vai demorar para terminar (a expectativa é que dure seis horas)”, prevê o advogado Floriano Azevedo Marques Neto, sócio da Manesco,Ramires, Perez, Azevedo Marques Advocacia. A aposta baseia-se no elevado número de interessados, que tem nomes de peso, como Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa – representadas por CCR–, Odebrecht, Queiroz Galvão e Ecorodovias. Os grupos ainda contam com o reforço de grandes operadoras estrangeiras, com vasta experiência no setor aéreo. A lista de empresas inclui nacionalidades diversas, como americana, francesa, espanhola,suíça,sul-africana, inglesa e alemã. Por trás de tanto apetite está o potencial do mercado doméstico. Com a ascensão das > “Na Europa, por exemplo, os mercados estão consolidados e não há a mesma oportunidade de negócio como a que está se abrindo aqui”, afirma o advogado Fábio Falkenburger, do escritório Machado Meyer. Ele e outros especialistas ficaram surpresos com a demanda de estrangeiros em busca de informações pelos ativos internos. “O Brasil está na moda. Ninguém quer ficar de fora, mesmo tendo de virar sócio da Infraero.” Demanda. O interesse é explicado por números exuberantes. Até 2015, a previsão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) é que o fluxo de passageiros cresça 63% em Guarulhos, 46%em Brasília e 176%em Viracopos. A expansão, aliada à gestão privada, pode resultaremretornosdeaté18%, segundo cálculos de profissionais que analisaram os três aeroportos. Nos estudos, dizem eles, fica evidente que a lucratividade dos terminais tem capacidade para crescer de forma significativa, com aumento de eficiência e receitas extras. “Há uma série de fatores que tornam a operação estatal ineficiente e que podem ser resolvidas pela iniciativa privada”, diz o advogado Robertson Emerenciano, da Emerenciano, Baggio e Associados. Em 2010,o resultado da operação do Aeroporto de Brasília ficou negativo em R$ 4,5 milhões, apesar de o volume de passageiros ter triplicado em dez anos. Os dados da Anac mostram que a receita total do aeroporto foi de R$121,4 milhões – bem abaixo do apresentado por Guarulhos, de R$ 693 milhões. O maior aeroporto da América Latina teve resultado positivo de R$ 190,9 milhões.Em Viracopos, as receitas somaram R$ 231,5 milhões e o resultado da operação foi de R$ 17,9 milhões. “Esse é o primeiro lote de privatização. Quem tiver experiência vai sair na frente nos próximos leilões”, avalia Emerenciano. Ele se refere à expectativa de o governo privatizar outros ativos, como Galeão (RJ), Confins (MG) e Recife(PE), ainda no primeiro semestre. Os grupos que não conseguiram entrar agora vão começar a se mobilizar para as próximas disputas.   (O Estado de S. Paulo 05.02.2012/Caderno B11) (Notícia na íntegra)